Como um país com vinhos desconhecidos conquistou Nova York
Vender móveis da Iugoslávia nos Estados Unidos preparou Emil Gaspari para uma improvável carreira como promotor de vinhos.
Após duas décadas de perseverança e um salto de qualidade, seu país natal, a Eslovênia, está ganhando reconhecimento nos EUA, o maior mercado do mundo. O país entra na década de 2020 com um lugar na lista de vinhos do Hudson Yards, em Nova York, um complexo residencial e de restaurantes de luxo, onde uma cobertura de sete quartos custa US$ 32 milhões.
Superar a concorrência com garrafas Chateau Margaux, de US$ 1.950, e um Cabernet Sauvignon de Napa Valley, que sai por US$ 1.150, no que a revista “New York” chamou de “cidade de fantasia de bilionários” aumenta o prestígio de um dos menores produtores de vinho da Europa.
“Definitivamente, dá direito de se gabar”, disse Jordan Sekler, o sommelier do Queensyard, um restaurante no Hudson Yards que serve vinhos eslovenos, vendidos na faixa inferior de preços, e Sekler disse que é uma chance para clientes provarem algo diferente.
Menor que Nova Jersey e vizinha de produtores rivais como Itália e Áustria, a Eslovênia não é apenas terra natal da primeira-dama dos EUA, Melania Trump. Há muito tempo negligenciada em detrimento de grandes nações vinícolas da Europa Oriental, como Hungria e Bulgária, a Eslovênia também está ganhando espaço como como destino de gastronômico e de vinhos.
Ana Ros, cujo restaurante fica em um vale alpino, foi escolhida a melhor chef no ranking feminino em 2017, e a Eslovênia receberá seu próprio Guia Michelin no próximo ano. A Wine Spectator disse que o país está conquistando reconhecimento com uma geração de produtores que colocam a qualidade acima da quantidade.
Como muitas outras regiões vinícolas recentemente globalizadas, a Eslovênia tem séculos de tradição. O Queensyard oferece um rosé Cabernet Sauvignon de US$ 75 da Batic, uma propriedade onde os monges fabricaram vinho pela primeira vez em 1592. Um syrah de US$ 85 vem da Vinakoper, que começou como uma adega coletiva sob o socialismo em 1947.
Amantes de vinho
Se escasso significa exclusivo, isso é verdade para o vinho esloveno: a maior parte é consumida internamente pelos 2 milhões de habitantes do país. A produção anual da Itália é cerca de 70 vezes maior, de acordo com dados da União Europeia.
“Exportamos apenas 10% de toda a produção”, disse Gaspari. “O resto bebemos, desde o nascimento até a morte.”