Como tubarões do mercado se posicionam em varejo? Veja o que vale a pena no setor
Nesta semana, os tubarões do mercado, como são conhecidas as grandes gestoras, fizeram movimentações relevantes no setor de varejo.
Na segunda-feira (22), a Schroder Investment Management Brasil comprou 5 milhões de ações da Lojas Renner (LREN3) e passou a deter 5,34% do capital da varejista. No entanto, enquanto umas aumentam posição no ramo, outras têm diminuído.
A Capital World Investors, por exemplo, zerou a posição que detinha na Quero-Quero (LJQQ3). A gestora possuía 5,2295% do total de papéis ordinários de emissão da companhia, totalizando 9,7 milhões de ações.
Mas, afinal, o varejo voltou a ser atrativo? Para especialistas, a reposta é não.
O analista da Ativa Investimentos, Pedro Serra, avalia que o setor vem de uma sequência de dias positivos, mas que decorrem de um movimento otimista da bolsa brasileira como um todo. No acumulado de maio, o principal índice de referência da B3, o Ibovespa, subiu 4%.
“O fechamento da curva de juros longa e uma bolsa mais leve combinados com o mercado já precificando uma queda da Selic no fim de ano mudaram a percepção de risco para a Bolsa”, diz. Entretanto, o cenário não é de recuperação para o varejo.
Varejo ainda sofre
O analista da Ativa avalia que o ano ainda deve ser fraco para o varejo. Segundo Serra, um eventual corte na Selic deve ajudar as empresas, principalmente, na questão financeira, mas não em termos de vendas.
O economista e professor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), Denis Medina, explica que o setor ainda sofre com os cenários econômicos nacional e internacional instáveis. O poder de compra do consumidor e a confiança dos empresários seguem abalados, o que reflete em crescimento e investimento fracos para os próximos anos, diz.
Medina também destaca que, mesmo se houver queda da taxa de juros, ainda sim seguirá elevada, pressionando as varejistas.
O último Boletim Focus, do Banco Central, indica uma mediana para os juros no fim de 2023 em 12,50% ao ano. Para o término de 2024, a expectativa é de 10%. “Não é um cenário de plena confiança”, afirma o economista.
“Varejo está com um problema sem fim. Estamos vendo que Magazine Luiza (MGLU3), Riachuelo (GUAR4), Marisa (AMAR3), Tok&Stok e Americanas (AMER3), por exemplo, estão com problemas”, diz.
O que vale a pena no setor?
O analista da Ativa afirma que o setor de varejo pode ser atraente no ano, devido ao movimento positivo da Bolsa, que “deve durar mais um pouco”. No entanto, no longo prazo, a casa de análise é mais “reticente”.
Já o economista da FAC-SP afirma que o momento não é positivo para se posicionar em varejo. “Tem que esperar passar a turbulência”, afirma.
Para Medina, dentro do setor, as opções que têm um futuro próspero e conseguem se manter mais estáveis em cenários de instabilidade são as de consumo base. “Quando tudo vai mal, tudo que é supérfluo fica para trás e você vai no consumo básico”, diz. Assim, o ramo que se salva, segundo Medina, é o alimentício.
Entre os destaques, estão os supermercados, como Pão de Açúcar (PCAR3), Carrefour (CRFB3) e Grupo Mateus (GMAT3).