Como se proteger da crise global de suprimentos, segundo a Rico
As restrições de mobilidade por conta da pandemia da Covid-19 afetaram a produção de diversos bens, com fábricas, portos e boa parte da produção e exploração fechados ou limitados. Com a demanda ainda forte, os estoques secaram, pressionando os preços das commodities.
Além disso, as questões climáticas e políticas afetaram a produção de energia no mundo.
Com demanda forte e oferta limitada, produtores passaram a conviver com a falta de insumos para produção, afetando diretamente a produção global e a própria atividade econômica.
Segundo Betina Roxo e Paula Zogbi, responsáveis pelo relatório da Rico Investimentos, este desequilíbrio irá se resolver e deve ajudar os preços a subirem um pouco mais devagar. “Questões climáticas, como a volta das chuvas e o frio mais ameno, também devem dar uma mãozinha para os preços de alimentos voltarem ao normal”, completam.
Além disso, as especialistas afirmam que os Bancos Centrais começam a elevar suas taxas de juros para enfrentar os preços em alta. “Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, a economia desacelera, e os preços passam a subir mais lentamente – menor inflação”, afirmam Roxo e Zogbi.
As especialistas acreditam que esse movimento deve ser gradual, o que mostra que não será em 2022 que a crise de abastecimento de produtos e da inflação alta chegará ao fim.
Como se proteger da crise de suprimentos?
Segundo as especialistas da Rico, o “ganho real”, rendimento que está descontado da inflação do período de investimento, é a resposta para se proteger da inflação.
“Quando diversificamos a nossa carteira, sempre levamos em consideração a expectativa de retorno real de cada classe de ativo. A classe com maior potencial e com risco adequado para aquele determinado perfil de investimento, recebe atribuição de peso maior, e assim por diante”, afirmam Roxo e Zogbi.
Para as especialistas, as classes de ativos que mais se destacam como ferramenta de proteção contra a inflação são:
- Longo prazo
Roxo e Zogbi defendem que, em janelas longas de tempo — com mais de 10 anos —, as ações e fundos imobiliários são uma excelente forma de proteção.
“A capacidade de repasse da inflação nos preços, tanto das empresas quanto dos aluguéis, ajuda as pessoas que são acionistas a se protegerem”, defendem.
- Médio prazo
Para o médio prazo, as especialistas recomendam os títulos de renda fixa indexados à inflação.
Títulos do tesouro direto são a opção mais popular, porém, para quem quer se arriscar mais, títulos privados isentos de imposto de renda são uma excelente opção. Nas emissões bancárias, as LCIs/LCAs, CRIs/CRAs e debêntures incentivadas são isentos da tributação.
A Rico ainda diz que os investimentos de curto prazo não são os mais adequados para uma estratégia de proteção. “A inflação pode acabar surpreendendo para cima e é comum “perder” para ela em investimentos de curto prazo”, afirmam.
Porém, ressaltam que em uma carteira bem diversificada, os investimentos de longo e médio prazo tendem a compensar esse efeito.