Como prisão de magnata na China pode colocar mercado de carros elétricos em curto-circuito
Um escândalo ocorrido em setembro na China e repercutido pela The Economist pode ter consequências para a dinâmica do mercado de carros elétricos em todo o mundo. Trata-se da prisão de Jia Tianjian, magnata conhecido como “rei do manganês”.
O industrial de 61 anos foi sentenciado pela justiça a cumprir regime fechado em razão do acúmulo de dívidas multibilionárias não pagas a credores. Tianjian entrou no radar das autoridades há mais de cinco anos, quando a sua estratégia de aquisições via alavancagem tomou contornos internacionais.
Como resultado da sua queda, a endividada Tianyuan Manganese Industry (TMI), uma das maiores mineradoras do mundo, passou para as mãos da justiça chinesa.
Esta poderia ser uma história com ramificações locais, se o manganês não fosse um componente crucial para a crescente indústria de carros elétricos no mundo. O metal é utilizado para produzir aço de alta qualidade, necessário para a produção de baterias de lítio que fazem os veículos funcionarem.
Com a reestruturação da TMI, cresce a preocupação a respeito do atual suprimento do manganês no mercado internacional, com potenciais restrições de oferta penalizando o preço final dos veículos elétricos.
A notícia ocorre em um momento em que montadoras chinesas, como a BYD, passam por um “boom” de vendas no mercado doméstico e ambicionam uma expansão para outros continentes.
Além da China, que tem posição de dominância sobre metais requeridos para tecnologias mais limpas, é a África do Sul que pode acabar se destacando em um cenário de disrupção das cadeias de suprimento do metal.
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Guerra de semicondutores: EUA reforçam medidas de restrições contra China
Além do manganês, a China deve lidar com outro desafio a sua indústria tecnológica. Trata-se das novas medidas de restrição de acesso a semicondutores avançados, colocadas em prática pelos Estados Unidos, e que deverão ser atualizadas ainda nesta semana, disseram fontes à Bloomberg News.
Embora o objetivo primário da ação seja impedir o desenvolvimento de tecnologias militares, obstáculos na comercialização de chips entre os dois países pode respingar no mercado de carros elétricos.
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, fez objeções “à politização, instrumentalização e armamento das questões comerciais e tecnológicas dos EUA”.
“Continuaremos a monitorar os desenvolvimentos e a salvaguardar firmemente os nossos direitos e interesses”, acrescentou.