Como pedido de recuperação judicial deve engolir as ações da Americanas (AMER3)
Os principais impactos do pedido de recuperação judicial da Americanas (AMER3), enviado à Justiça do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (19), são nas ações e no crédito da varejista, principalmente para fundos de investimentos, pontua o especialista em renda variável da Nexgen Capital, Heitor Martins.
Segundo ele, a recuperação deve pressionar mais as ações da companhia, fazendo com que elas percam ainda mais valor. Após o anúncio, os papéis recuavam 25,86%, valendo R$ 1,29.
A XP Investimentos também destaca que o processo deve impactar negativamente a liquidez da varejista, isso porque ela sairá do Ibovespa. De acordo com a metodologia da B3, as companhias em RJ não são elegíveis para entrar no índice. Martins, da Nexgen, lembra que o índice precisará ser remodelado.
O especialista ainda avalia que o cenário muda para o benchmark dos fundos de investimento. Os fundos e ETFs (Exchange Traded Funds) que replicam o Ibovespa terão que vender as ações de AMER3.
Além disso, o crédito emitido pelas Americanas também será impactado. Segundo Martins, esses fundos podem sofrer impacto na cota, uma vez que a marcação a mercado desses títulos pode ir a zero, quando a empresa entra em recuperação judicial.
O especialista afirma, no entanto, que, para aqueles que têm esse tipo de fundo, uma variação negativa no mês não indica necessariamente o resgate, pois “as gestoras têm forte diligência de risco e conseguem voltar à performance positiva”.
Bancos sentem o baque
Quem também deve sofrer com a recuperação judicial da Americanas são os bancos credores da companhia, avalia o analista da Empiricus, Fernando Ferrer.
Segundo o analista, o impacto nos bancos é explicado pelo fato deles ficarem “impedidos de executarem a Americanas e eventualmente receberão um haircut da dívida”.
A decisão já antes garantida à companhia pela Justiça, que suspende toda e qualquer possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens da varejista, assim como adia a obrigação de pagar dívidas, foi “bastante danosa” para essas instituições bancárias. Com a recuperação judicial, não deve ser diferente.
O que acontece agora com Americanas?
Além da saída do Ibovespa, a Americanas terá um prazo de blindagem por 180 dias em que todas suas obrigações de dívida ficam suspensas.
A companhia tem até 60 dias para apresentar a primeira versão de um plano de reestruturação, com as principais medidas a serem tomadas para o balanceamento de sua estrutura de capita e mais 50 dias para convocar uma assembleia de credores para aprovar o plano.
Os analistas recordam ser um processo longo, com duração média de três anos, mas excedendo esse prazo em muitos casos.