Como o TikTok virou uma agência de espionagem paralela (e sabe tudo de você)
O TikTok se transformou numa espécie de serviço secreto paralelo, acessando informações de milhões de pessoas em todo o mundo com um grau de precisão que permite levantar dados sensíveis de cada indivíduo que utiliza o aplicativo.
Segundo reportagem publicada pela Forbes, praticamente qualquer um dos 110 mil funcionários do TikTok ou de sua empresa controladora, a chinesa ByteDance, com um nível básico de acesso ao sistema, pode obter informações privadas dos usuários e de sua rede de contatos.
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De acordo com a Forbes, mesmo quando um país decide simplesmente banir a plataforma de seu território, os dados continuam à disposição dos funcionários do TikTok. É o caso da Índia, que proibiu o aplicativo em 2020, quando era utilizado por cerca de 150 milhões de indianos. Segundo a revista, mesmo três anos depois de deixar o país, o TikTok ainda minera dados de usuários indianos.
TikTok e sua agência secreta particular
O que permite esse nível de detalhe é uma ferramenta de mapeamento social, apelidada jocosamente pelos funcionários de “NSA-to-go” (ou “NSA para viagem”, numa tradução livre), em referência à National Security Agency, uma das muitas agências de inteligência dos Estados Unidos.
Segundo a reportagem da Forbes, por meio de um identificador de usuário, é possível acessar informações individualizadas que vão do nome à região em que mora, passando pela sua rede de contatos, pessoas não conectadas, mas próximas do usuário, e, claro, hábitos de pesquisa na internet, entre outros dados. Um funcionário do TikTok ouvido pela revista afirma que o objetivo é criar “dossiês” de cada usuário.
Tamanho conhecimento preocupa o governo americano, que teme que ele possa ser usado para manipular a opinião pública, influenciar eleitores e o que mais o TikTok, a ByteDance e, no limite, o governo chinês quiser. A Forbes ressalta que não há provas de manipulação de usuários, mas lembra casos em que a companhia usou seu poderio em proveito próprio.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, a Forbes revelou que centenas de jornalistas que escrevem sobre o TikTok tiveram suas contas rastreadas, com o objetivo de descobrir se eram próximos ou potencialmente próximos de empregados que poderiam vazar alguma informação sensível sobre a empresa. Após negar veementemente a prática, o TikTok voltou atrás, depois que uma investigação interna a confirmou.
Agora em março, o governo americano proibiu servidores federais de usarem a plataforma. À Forbes, um porta-voz do TikTok afirmou que a companhia está firmemente comprometida com rígidas regras de compliance, que determinam que informações podem ou não ser acessadas pelos funcionários.