Como o Mercado Livre pode ‘engolir’ a Americanas (AMER3)?
A derrocada da Americanas (AMER3), que entrou em colapso após informar rombo de R$ 20 bilhões, deve acelerar a expansão do Mercado Livre aqui no Brasil, afirmam Marcello Silva e Rodrigo Nasser, ambos fundadores da Aster Capital, no 32º episódio do Market Makers. O capitulo foi especial e falou sobre as estratégias e os segredos da gigante argentina.
Segundo Nasser, a Americanas tem o modelo mais parecido com o Mercado Livre em relação à estrutura de sellers (vendedores).
“Quando você conversa com o seller, eles falam assim: onde você vende mais? A primeira era o Mercado Livre e a segunda a Americanas. A Americanas tinha uma característica bem parecida com a característica do seller que vende no Mercado Livre“, discorre.
O analista ressalta ainda que empresas de tecnologia que fazem leitura de competição no markplace indicam que houve uma queda de 30% da quantidade do número de ofertas na Americanas desde o rombo de R$ 20 bilhões.
“Você tem uma diminuição do número de ofertas e provavelmente já são sellers diminuindo o número de ofertas e se espalhando. Para onde o consumidor deve ir? Provavelmente para o Mercado Livre e Magazine Luiza”, observa.
Ouça o episódio:
Mercado Livre: Goldman Sachs concorda com a visão
Para o Goldman Sachs, maior banco de investimento do mundo, a perda de competitividade da Americanas significa uma “oportunidade em potencial” para os argentinos.
Isso inclui operações pouco desbravadas, como é o caso do segmento 1P (one party-seller). Trata-se de um modelo de negócio em que o comerciante vende o produto para a plataforma de marketplace, que realiza tanto a venda como a entrega.
No caso do Mercado Livre, o volume de mercadorias do segmento 1P ainda corresponde a apenas 5% do volume total de mercados da empresa (GMV, na sigla em inglês). Apesar da exposição pouco expressiva, há indícios concretos de que a visão da empresa sobre o modelo one party-seller está se transformando.
Desde 2019, a empresa vem falando em se tornar mais ativa na linha de bens duráveis (eletrodomésticos ‘linha branca’, eletroeletrônicos), a serem comercializados pela via 1P.
É aí onde pode estar a mina de ouro para o Mercado Livre. Segundo estima o Goldman, a linha de duráveis da Americanas corresponde a 50% do GMV de R$ 40 bilhões negociado online pela empresa – fatia esta que pode ser abocanhada pela gigante latina graças à combinação de uma forte infraestrutura (tecnológica e logística) e flexibilidade de caixa.
Adicionalmente às próprias vantagens, o Mercado Livre pode se aproveitar do flanco aberto pela crise de desconfiança que se sucede à crise contábil da Americanas e que atinge fornecedores e consumidores da varejista brasileira na mesma proporção.
Ouça o episódio:
Com Jorge Fofano