Como o dólar encerrou abril, marcado por furar os R$ 5,00 após 10 meses?
O dólar à vista fechou o pregão desta sexta-feira (28), o último de abril, em alta. A moeda norte-americana subiu 0,2% frente ao real, cotada a R$ 4,98 para venda. Com isso, fecha a última semana do mês em queda de 1,1%.
O dólar encerra o mês marcado pelo retorno da moeda norte-americana ao patamar abaixo de R$ 5,00, pela primeira vez desde junho de 2022, com desvalorização de 1,49%. Sendo este o segundo recuo mensal consecutivo. Em meio ao desempenho dos dois últimos meses, a queda da moeda passa dos 5% no acumulado de 2023.
Sextou em alta
No pregão de hoje, a divisa estrangeira teve a disputa entre comprados e vendidos na formação de preço da taxa Ptax de fim de mês, o que levou às máximas do dia. Contudo, ao longo da tarde, o dólar arrefeceu os ganhos, mas seguiu em linha com o exterior.
Segundo o gerente da mesa de derivativos da Commcor, Cleber Alessie, o dólar está subiu contra moedas de países emergentes. O que, de certa forma, fez o câmbio no Brasil ficar alinhado. A exemplo disso foi o desempenho do Dollar Index, que operou em alta durante todo o pregão.
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Um operador ouvido pela Reuters lembrou que, como na segunda-feira é feriado no Brasil, mas não é nos Estados Unidos, o dólar teve certo suporte por parte de investidores que preferiram manter-se posicionados na moeda até terça-feira, por segurança,
Trajetória do dólar em abril
A trajetória de sucessivos recuos da divisa americana frente ao real ao longo do mês se intensificou após o resultado da inflação oficial do país (IPCA). O resultado, além de vir abaixo do esperado pelo mercado financeiro, acumulou ganhos de 4,65% nos últimos 12 meses, estando dentro do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC) pela primeira vez desde o início de 2021.
A euforia do mercado doméstico foi a partir da sugestão dada pelos dados, de que o BC poderia cortar a taxa básica de juros (Selic) ainda este ano. Economistas passaram a revisar as estimativas para o fim do ano, consolidando a ideia de que a autoridade monetária teria de cortar a taxa em algum momento ao longo de 2023.
“Mas a gente sabe que a postura do Banco Central é mais vigilante. Então, será uma queda bastante lenta e isso acaba atraindo dinheiro para cá”, comentou o economista André Perfeito, ao Money Times.
A citação do economista foi referente ao forte fluxo de investimento estrangeiro que vem entrando na Bolsa brasileira nos últimos meses. Dados da B3 apontam que, até 26 de abril, o capital externo somava R$ 13,6 bilhões no acumulado de 2023. Fator que corrobora para a queda de 5,4% do dólar.
Analistas têm comentado que o diferencial de juros entre o Brasil e as principais economias globais vem atraindo o investidor gringo com a taxa Selic em 13,75% e o país tendo o maior juro real do mundo.
Entretanto, segundo o economista, essa atratividade do país, que tem ajudado o dólar a manter-se em queda, é também reflexo de “uma questão mais pragmática”, já que “está muito barato”, diz Perfeito. Há quem diga que a Bolsa brasileira “está de graça” para o investidor estrangeiro.
*Com Reuters