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Como o Bitcoin (BTC) pode se beneficiar da quebra do SVB?

14 mar 2023, 13:43 - atualizado em 14 mar 2023, 13:43
SVB Bitcoin
Para analista, o Bitcoin pode finalmente estar sendo visto como sua tese base: “Um ativo em controle governamental ou corporativo que pode servir de reserva de valor de longo prazo” (Imagem: Twitter/Reprodução)

Primeira criptomoeda do mundo, o Bitcoin (BTC) pode se beneficiar da quebra do SVB e mostrar porque foi criado, segundo especialistas. 

Afinal, o Bitcoin foi criado em 2009, após um momento similar: a crise do subprime e a quebra do banco Lehman Brothers, maior falência bancária nos Estados Unidos, seguido do SVB.

A ideologia de Satoshi Nakamoto, pseudônimo por trás do criador do Bitcoin, era exposta de maneira clara em seus blogs de tecnologia. O bitcoin tem o objetivo de servir como uma moeda de pagamento mais confiável que o dinheiro estatal.

Para Vinicius Bazan, analista-chefe de criptoativos da Empiricus, o Bitcoin pode finalmente estar sendo visto como sua tese base. “Um ativo em controle governamental ou corporativo que pode servir de reserva de valor de longo prazo”.

“Vai levar tempo, mas ele nasceu de uma crise financeira e pode ser em uma nova crise que as pessoas entenderão seu real valor”, comenta.

O que aconteceu com SVB?

A quebra do SVB é resultado principalmente da soma de uma má gestão de portfólio do banco e um aumento recorde na taxa de juros dos Estados Unidos, que resultou em prejuízos para o SVB.

O banco detinha títulos públicos prefixados a uma taxa de 0,5% – atualmente é de 4,25%, ou seja, estava no prejuízo em marcação a mercado.

Ao precisar vender os títulos na curva de juros, com marcação de mercado, o banco tomou um prejuízo que fez com que anunciasse que venderia parte de suas ações, resultando em uma corrida de saques, e por fim, a quebradeira.

O aumento da taxa de juros recorde nos Estados Unidos ao longo de 2022, é motivado principalmente por uma alta inflação. Essa, por sua vez, é resultado de uma injeção massiva de capital no país durante a pandemia, também realizada pelo Federal Reserve.

Nesta segunda-feira (13), o Federal Reserve anunciou que salvaria o mercado, e criaria um fundo especial para pagar os depositantes do SVB.

Ted Pick, copresidente do Morgan Stanley, disse que os aumentos acentuados nas taxas de juros pelo Federal Reserve e outros bancos centrais para combater os crescentes preços ao consumidor inevitavelmente levarão a surtos de estresse.

Para ele, os bancos norte-americanos SVB e Signature Bank foram vítimas dessas circunstâncias.

Como o SVB afetou o preço do Bitcoin (BTC)?

O movimento inicial do Bitcoin foi de queda. O CEO do GRI Club, Gustavo Favaron, disse que aproximadamente 90% das startups brasileiras com exposição ao capital internacional têm alguma relação com esse banco. 

“Só em Londres eram mais de 200 startups que poderiam ter suas operações encerradas antes do anúncio do Fed. As empresas relacionadas à criptomoeda também, uma vez que elas também sofrem muito com as alterações dos últimos 12 meses, que são relacionadas à subida da taxa de juros”, explica.

Mas, desde ontem, o Bitcoin engatou em uma forte alta, e para Favaron, além de alívio do mercado, o motivo é bastante ideológico.

“Primeiro porque houve uma certa uma certa calmaria entre os investidores de Bitcoin e criptomoedas como um todo e muitas pessoas viram nessa situação de crise sistêmica bancária, uma possibilidade”, diz.

Favaron comenta que o Bitcoin visa oferecer prevenção àqueles que não confiam no sistema de crédito bancário mundial.

“Eu tendo a acreditar que é um movimento de subida temporária, que tendo passado esse primeiro susto, essa apreciação das criptomoedas não continue galopante. Vai se normalizar”, diz.

Qual era a ideia do criador do Bitcoin (BTC)?

Após a crise de 2008, também chamada de subprime, Satoshi Nakamoto teve a ideia de criar uma moeda digital com emissão programada. O objetivo seria de que nenhum governo pudesse controlar a emissão, ou inflação, do ativo.

Coincidência ou não, no primeiro bloco, o Gênesis, do Bitcoin, Nakamoto colocou uma indireta aos bancos, e ao Federal Reserve: uma manchete do Financial Times que o chanceler novamente salvaria os bancos de quebrassem.

O Bitcoin possui uma emissão fixa, controlada pela dificuldade de mineração da rede. A mineração, além de verificar as transações e garantir que sejam reais, é responsável por emitir novos bitcoins no mercado.

Entretanto, a quantidade de bitcoins emitidos no mercado segue um fluxo pré-determinado pelo código da criptomoeda, e imutável. A taxa de inflação corrente do Bitcoin é de 1,76% ao ano.

Além disso, o estoque é limitado, isto é, serão emitidos apenas 21 milhões de unidades de bitcoin, sendo que 90% já estão em circulação e 10% ainda serão emitidos. Vale ressaltar que a cada quatro anos, a emissão é cortada pela metade, o evento é chamado de “halving”.

Ainda é possível calcular, baseado na velocidade da emissão e nos “halvings”, quando todos os bitcoins são emitidos no mercado, que será em 2.140.

“Subprime 2.0”?

Um ponto de atenção muito grande, levantado por Favaron, é em relação às dívidas que existem entre os próprios bancos. O Fed vai garantir o dinheiro dos depositários, mas não dos credores.

Para ele, o ponto que culminou a crise de 2008 foi a quebra de confiança entre os bancos, e essa confiança é algo que pode estar em jogo neste momento.

“O que não está garantido são as dívidas que existem entre bancos e esse foi o grande ponto que culminou na crise de 2008, que foi conhecida como a crise do subprime nos Estados Unidos e espalhou pelo mundo todo”, diz.

Se os bancos começarem a ter desconfiança de crédito, o cenário será de uma crise sistêmica muito mais complexa. “Mas eu acredito que o Fed não vai deixar isso acontecer. Eles vão intervir e vão novamente prevenir uma crise maior”, coloca.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
leonardo.cavalcanti@moneytimes.com.br
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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