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Como Lu, do Magazine Luiza (MGLU3), passou de linha de despesas para uma máquina de fazer dinheiro

02 jun 2022, 13:16 - atualizado em 02 jun 2022, 13:19
Magazine Luiza
Pedro Alvim, gerente sênior de redes sociais do Magazine Luiza contou a trajetória da Lu ao Money Times (Imagem: Divulgação)

Lu, assistente virtual do Magazine Luiza (MGLU3), mais influente que as “quarentonas” e tradicionais Barbie e Minnie Mouse?

Sim, de acordo com estudo realizado pelo site Onbuy.com, a assistente virtual da varejista brasileira é a maior influenciadora virtual do mundo, resultado de estratégias de marketing e ações que a tornaram representante da marca.

Ativa nas redes sociais, Lu faz publicidade e gera milhões em receitas para a empresa.

Lu foi criada em 2003, por Frederico Trajano, atual CEO do Magazine Luiza e filho de Luiza Helena Trajano, atual presidente do conselho de administração.

Superando nomes como Nobody Sausage, Miquela e FN Meka, Lu acumula 5,9 milhões de seguidores apenas no Instagram.

Segundo estudo realizado pelo Onbuy.com, a Lu é também a personalidade com maior potencial de gerar receita de publicidade em posts do Instagram em 2022.

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De linha de despesa para geradora de receita para o Magazine Luiza

A assistente virtual do Magazine Luiza passou de linha de despesa para uma geradora de receita para a empresa, por meio de publicidade e estratégias de marketing de influência.

Pedro Alvim,  gerente sênior de conteúdo e redes sociais do Magazine Luiza, explicou, em entrevista exclusiva ao Money Times, que foi necessário muito investimento na Lu, desde sua criação em 2003. Com o tempo, o engajamento qualitativo da assistente virtual foi crescendo de forma significativa.

Apesar disso, o executivo destacou que este é um investimento de risco, visto que a Lu precisa se posicionar sobre questões da sociedade, muitas vezes polêmicas.

Entretanto, Alvim explica que este é justamente um dos aspectos que torna o investimento na Lu interessante, pois ela se posiciona e emite opiniões que estão alinhadas com o posicionamento do Magazine Luiza.

Com a visibilidade e influência que Lu tem, as estratégias de marketing utilizam a imagem da assistente virtual para promover o próprio e-commerce, de uma forma natural, “consumindo” produtos em suas redes sociais que estão presentes no varejo.

Alvim apontou que um estudo da Onbuy realizou a estimativa de geração de receita da Lu, que ficou em cerca de US$ 17 milhões.

Porém, destacou que não necessariamente é o que ela arrecada, sendo apenas uma estimativa de potencial, mas que mostra o poder que a Lu tem, fazendo com que a geração de receita cubra os investimentos demandados. 

Além disso, a assistente virtual atrai outras marcas e participa de grandes ações, como no clipe com o Alok que conta com quase 3 milhões de visualizações, em que tanto o vestido quanto o celular utilizados estavam em promoção no Magalu, o que mostra como a Lu pode ser uma arma poderosa para promover os produtos do Magalu.

E o que esperar da Lu daqui para frente?

“É a pergunta de um bilhão de dólares”, brinca Alvim.

Sobre o futuro da Lu, o executivo explicou que ela evolui junto com a marca e com todo o ecossistema do Magazine Luiza, que inclui uma fintech, vertical de moda, esportes, Jovem Nerd, entre outros.

Alvim destaca que as redes sociais da Lu serão os principais canais para as novidades futuras, que estarão interligados com a expansão do próprio ecossistema.

Veja a seguir a entrevista completa:

Money Times – Qual foi o processo de construção da assistente virtual? 

Pedro Alvim – A Lu foi idealizada pelo Frederico Trajano, em 2003. Naquela época, nós tínhamos um e-commerce recém-lançado e a experiência de compra online era muito fria. Era apenas a pessoa interagindo com uma tela e nós sempre tivemos no nosso DNA o atendimento em primeiro lugar, e esse calor humano sempre foi um diferencial do Magalu.

Então a personagem foi criada na época com o nome tia Luiza, com o objetivo de humanizar a experiência de compra. Dessa forma, ela tinha conteúdos pelo site que, durante o processo de compra, apareciam para os nossos clientes.

De lá para cá, a personagem foi evoluindo e ganhando mais espaço dentro da marca. Em 2009, ela ganhou o nome “Lu”, passando a representar a marca em todos os canais de ambiente online e, em 2013, passou por uma última atualização e a fazer parte também dos canais offline.

Assim, as pessoas começaram a ver a Lu em comerciais na TV, assinando os vídeos da marca e construindo que chamamos de brand link, 98% das pessoas já associam a Lu a marca diretamente.

MT – Quais foram as estratégias para torná-la, de fato, uma influenciadora? 

Alvim – A influência virtual da Lu parte do momento que começamos a perceber uma conexão emocional muito forte com ela nas redes sociais, que interagem com os conteúdos dela quando contamos um pouco do dia a dia da Lu.

Então começamos a ver que existia um potencial de contar histórias e narrativas que fizessem sentido com a marca Magazine Luiza, mas que também gerassem identificação com as pessoas.

Eu prefiro classificar a Lu como uma criadora de conteúdo que, consequentemente, influencia a comunidade a partir do momento que traz conteúdos e informações úteis.

Vários fatores contribuíram para que ela hoje se tornasse a maior influenciadora virtual do mundo, entre eles, a forma como contamos histórias por trás de cada post da Lu.

As histórias consideram as características e movimentos sociais e culturais do nosso país, o que cria uma percepção de que ela é gente como a gente, mesmo com a consciência da existência virtual dela.

MT – Quais foram as principais dificuldades ao longo da trajetória da Lu? 

Alvim – A Lu conquistou muitas coisas ao longo dos seus 19 anos de trajetória. Tivemos conquistas tanto em número de seguidores, quanto em engajamento e entrada em novas plataformas.

Somos a primeira varejista do mundo a atingir um milhão de inscritos no canal do YouTube e, em três meses, a Lu já tinha 1 milhão de inscritos no TikTok.

Todos os momentos difíceis foram de aprendizados, como quando ocorreram momentos em que a Lu precisou se posicionar, colocando a personagem em um contexto de risco maior, mas que contribuíram para quem ela é hoje.

Segundo a GlobeTrender, ela é considerada uma modelo e ativista, então sabemos que assumir posicionamentos sinérgicos com a marca faz parte do papel dela como porta-voz.

MT – Como são pensadas as estratégias de marketing do Magalu, com a Lu? 

Alvim – Além do storytelling, um ponto muito importante é que não basta apenas ter um avatar 3D.

Para você ter um influenciador virtual, é preciso construir uma narrativa em torno dele e conquistar a confiança e atenção das pessoas.

O que acredito que seja o segredo por trás do case da Lu é utilizar a escuta ativa das comunidades e dos movimentos que acontecem  na nossa sociedade para entrar e liderar conversas importantes. E ela não entra, também lidera muitas conversas importantes.

Eu diria que a Lu tem uma alma, uma cabeça e um coração por trás do avatar, composto por um time incrível de profissionais e parceiros que nos ajudam a acontecer as histórias todos os dias.

Esse aspecto esse é um aspecto fundamental porque de fato se fosse só o personagem fazendo nada, não ia ter resultados.

Recentemente a Casas Bahia, da Via, também reformulou o seu personagem digital, o Bahianinho (Imagem: Divulgação/ Via Varejo)

MT – Qual a estratégia para não perder espaço para outras assistentes virtuais que surgem no mercado?

Alvim – Muitas outras marcas e celebridades criaram seus avatares, o que eu acho incrível, porque é um mercado que tem muito potencial globalmente falando.

Hoje existe uma manifestação de influência virtual em outros países também, mas poucos cases de influência dentro de uma marca.

Então acredito que isso foi um grande salto na estratégia construída pelo Magazine Luiza ao longo dos últimos 19 anos da personagem.

A relevância de uma marca é construída dia a dia, atitude por atitude, campanha por campanha e comunicação por comunicação, e assim é com a Lu.

Acredito que acompanhar a evolução das plataformas e do nosso próprio ecossistema Magalu é o que vai manter ela relevante.

Estamos sempre buscando atualizações para ela e acho que tem espaço para todo mundo no nosso mercado, assim como surgem criadores de conteúdo diariamente, não vejo nenhum problema e surgirem avatares 3D todo dia, mas para encontrar de fato um espaço, é necessário um trabalho consistente.

A Lu tem 19 anos de estrada, então não foi ontem que essa narrativa começou a se construída. Sendo assim, enxergo com uma perspectiva de evolução do mercado de influência virtual do que como uma ameaça para o que a ela já conquistou.

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