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Como greve no setor automobilístico dos EUA deixa Elon Musk sorrindo de ponta a ponta

18 set 2023, 18:50 - atualizado em 19 set 2023, 13:01
Tesla Stellantis Ford GM greve Elon Musk
A Tesla é a principal beneficiada do movimento de paralisação das três grandes montadoras americanas. (Imagem: Tesla Fans Schweiz/Unsplash)

Esta segunda-feira (18) marca o quarto dia seguido da greve convocada pela United Auto Workers (UAW), organização sindical que representa mais de 140 mil trabalhadores do setor automobilístico nos Estados Unidos.

É a primeira vez que uma greve consegue paralisar, simultaneamente, a produção de Ford (F), General Motors (GM) e Stellantis (STLA).

Até aqui, a paralisação dos pátios de Ford, GM e Stellantis não causaram um impacto significativo nos papéis das companhias, que caíram entre 1,0% e 2,5% desde a quinta-feira passada, quando a UAW anunciou a greve.

Porém, a ansiedade dos mercados está aumentando à medida que os dias passam e a perspectiva de um bom acordo, para as companhias, torna-se cada vez mais improvável.

Em nota, o analista do Citigroup Itay Michaeli estima que uma greve prolongada na planta de Wenzville (Missouri) da GM pode retirar US$ 140 milhões do lucro operacional da montadora. Michaeli pontua que a Ford estaria sujeita a um efeito parecido em sua planta no estado de Michigan.

Se o prolongamento da paralisação é uma má notícia para as três grandes montadoras de Detroit, a concordância com os atuais termos da UAW também não é o cenário ideal, dizem analistas.

Segundo o JP Morgan & Chase, o custo adicional com encargos trabalhistas contidos no acordo poderiam impactar de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões o EBIT das companhias.

Nesse contexto, cresce as chances de que as empresas façam repasses nos preços finais para os consumidores.

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Musk ganha vantagem competitiva

Diante do cenário turbulento que se desenha para as três principais montadoras de Detroit, é a montadora do Texas que pode despontar como vencedora: a Tesla (TSLA), de Elon Musk.

Segundo analistas, a montadora de veículos mais valiosa do mundo ganha uma vantagem competitiva, que é a ausência de sindicalização dos trabalhadores.

Conhecido por sua visão otimista sobre a montadora de Elon Musk, o analista Dan Ives alega que o novo acordo com a UAW neutralizaria a vantagem dos preços subsidiados dos veículos elétricos produzidos por GM, Ford e Stellantis.

Isso poderia deslocar o interesse do consumidor para modelos de entrada da própria Tesla, como o Model 3.

Empresa Ticker (NYSE) Ramo Retorno no acumulado do ano (%)
Stellantis STLA Tradicional 29,8%
GM GM Tradicional -1,4%
Ford F Tradicional 5,65%
Tesla TSLA Elétrico 145%

 

Greve nas Big Three de Detroit: O que quer a UAW?

A greve foi anunciada última quinta-feira (14) pelo vencimento dos contratos existentes, levando os trabalhadores a exigir um reajuste de 40% nos salários na renovação dos contratos, além de outras demandas, como a diminuição da jornada.

O sindicato justifica suas demandas pontuando reajustes salariais concedidos aos CEOs das companhias em questão. O caso que vem recebendo mais crítica é o do presidente da Ford, Jim Farley, que recebeu compensações que superam os US$ 20 milhões.

Até o momento, a proposta defendida pelas montadoras é de um aumento de 20% para os salários, o que está sendo rejeitado pelas lideranças sindicais.

GM, Ford e Stellantis argumentam que as demanda do sindicato são onerosas, em um tempo em que as companhias estão gastando bilhões para substituir a produção de veículos à combustão por veículos elétricos.

No caso da Ford, as despesas para 2023 devem girar em torno de US$ 4.5 bilhões, colocando em xeque a perspectiva de lucro para o ano. A empresa anunciou o layoff de 600 funcionários em consequência da paralisação.

À CBS, Mary Barra, CEO da General Motors, diz que é preciso garantir a preservação da GM “pelos próximos 115 anos [em referência à fundação da montadora]”, adicionando que a companhia continua trabalhando para resolver as diferenças.

Fontes próximas da Stellantis disseram ao canal americano CNBC que um acordo nos termos exigidos pela UAW causaria o fechamento de 18 plantas da montadora nos Estados Unidos, afetando milhares de empregos existentes.

Ainda segundo a matéria da CNBC, caso se confirme, o acordo abriria a oportunidade para que a Stellantis colocasse em prática um plano de reformulação da produção de peças automotivas nos EUA, através de galpões descentralizados.