Como fica o Fed com a vitória de Trump nos EUA? Economistas temem volta do risco inflacionário
A vitória de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos (EUA) não deve impactar a decisão do Federal Reserve (Fed) na reunião desta semana. No entanto, o resultado deixa o banco central americano em posição de cautela com o risco inflacionário, dizem economistas.
A expectativa é de que os diretores cortem os juros em 0,25 ponto percentual (p.p.), levando a taxa para o intervalo de 4,50% a 4,75%, no encontro de novembro — que acontece entre hoje (6) e amanhã (7).
A ferramenta de monitoramento CME FedWatch indica que as apostas em uma redução no ritmo de cortes nesta e na próxima reunião eram maioria, com 98,9% e 66,3% de chances, respectivamente.
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Apesar dos dados de inflação, até então, “benignos”, a estabilidade no desemprego e o Produto Interno Bruto (PIB) de 2,8% no terceiro trimestre apoiam a tese de que a atividade econômica permanece robusta — indicando que o Fed deve ter maior cautela no afrouxamento monetário.
Porém, a eleição do candidato republicado pode dificultar o trabalho do Fed em cumprir as metas de inflação. Isso porque o governo é mais expansionista — e, consequentemente, inflacionário —, com promessas de políticas fiscais e comerciais.
Volta do risco inflacionário
As propostas de aumentar as tarifas sobre os principais parceiros comerciais dos EUA e de cortar impostos preocupam os economistas, uma vez que podem levar a uma inflação mais alta e um dólar mais forte.
“Possivelmente um dólar mais forte, uma inflação mais alta devido à proposta de tarifas, e grandes cortes de impostos, o que pressionaria o Fed a manter as taxas mais altas por mais tempo, afetando as taxas locais”, dizem Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, e sua equipe.
Além disso, Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, diz que as políticas de Trump, se aprovadas, podem gerar maior déficit e menor crescimento no país.
“Em um momento em que a economia americana está com uma dívida colossal, ultrapassando 110% do PIB, cortes de impostos, que geram também queda na arrecadação, ao menos no curto prazo, poderão aumentar o déficit público”, afirma.
“Todo esse cenário é ruim não apenas para o Brasil, mas para todos os países emergentes. Juros mais altos nos EUA significam menos fluxo de dólares para outras economias, como o Brasil”, complementa.