Como fazer trade com criptomoedas, segundo este especialista do mercado
Uma das modalidades de investimento no mercado de criptomoedas é o trade, que consiste em comprar ativos na baixa e vendê-los na alta, para lucrar com as oscilações de preço. A operação, no entanto, vai muito além disso.
Trader é um profissional responsável por negociar ativos financeiros atuando tanto via contrato com uma instituição financeira ou de forma autônoma.
Difere da modalidade de “Hodler”, ou buy and holder, que é o investidor que compra um ativo visando um prazo bem mais longo. Por isso, ele segura o ativo em seu portfólio apesar das oscilações de preço.
Os “Hodler” dizem não se incomodar tanto com as oscilações de preço, pois estão contando com – e estudando sobre – os fundamentos do ativo, o cenário macro a sua volta, e as destravas de valor no futuro. Essa estratégia é chamada de “análise fundamentalista”.
Quem opera com trade, além da análise fundamentalista, baseia-se no gráfico do próprio ativo para saber se a tendência é de alta ou de baixa.
Psicológico do trader
Segundo Fausto Botelho, trader ativo nos mercados de Ações, Futuros e Criptos, antes de qualquer análise gráfica, o profissional precisa de “psicológico”. Ele é cofundador e CEO da FB Cursos e Palestras e da Enfoque.
Em entrevista ao Crypto Times, ele afirmou que o primeiro passo é ter acesso a teoria, e depois disso, preparar o psicológico.
“Em primeiro lugar, você tem que estar ciente que, diferentemente das outras atividades econômicas, em que se você não for bem não ganha dinheiro, nessa, se você não for bem você não só não ganha dinheiro como você também perde dinheiro”.
Ele revela que, em sua opinião, o motivo de operar com trade ser tão difícil é justamente por ser fácil de se executar. Ou seja, qualquer pessoa pode operar nesse mercado, basta ter conta em corretora e colocar ordem de compra ou venda.
“Se você girar uma moeda e decidir se compra ou vende com base em cara e coroa, você tem 50% de chance de ganhar.”
Muitos investidores acabam ganhando dinheiro desse modo, e por isso começam a supor que o trade é uma operação simples. Mas é assim que o mercado tira o dinheiro delas, segundo Botelho.
“Quando você entra em um ambiente de trade, você entra em um ambiente que é absolutamente inóspito. Cheio de armadilhas psicológicas. A primeira delas é que não existem regras”.
“Não estamos preparados para ganhar”
Botelho destaca que a ideia de que o dinheiro vem apenas com esforço e tempo é algo geracional e cultural. Mas, no trade, em uma operação, é possível ganhar 3 meses de salário em um clique.
Isso, no entanto, pode causar “angústia e ansiedade” no trader iniciante.
Ele lembra que do mesmo jeito que existe a possibilidade de se ganhar uma bolada em uma operação, existe a possibilidade de se perder essa mesma bolada em uma outra.
A angústia causada pelo sentimento de ganhar fácil e o estresse gerado podem ser fatores determinantes para erros em futuras operações.
Ele recomenda que o trader iniciante guarde o dinheiro conquistado no bolso e deixe “criar raízes” lá. “Sair do computador, relaxar com os amigos e dar um tempo para se acostumar com a ideia”, diz.
Curso, estudo e mão no trade
Depois de ter ciência dos riscos, Botelho diz que o próximo passo para o investidor é estudar sobre o assunto. Existem muitos livros, cursos e palestras sobre trade e é necessário “separar o joio do trigo”.
“Se você for se propor a fazer uma atividade econômica que possa te remunerar seu ganho mensal, você não pode imaginar que vai ler um livro e pronto, virar o cara”, diz o trader.
É preciso saber, segundo ele, o que há para saber sobre análise gráfica. A primeira delas, diz ele, é saber reconhecer um gráfico em escala aritmética ou em escala logarítmica.
O trader também diz que é importante saber fazer a análise fundamentalista, considerando que ambas as formas são complementares.
Segundo ele, a primeira pode ajudar o investidor a escolher o ativo, enquanto a de gráfico pode calcular um bom “timming” de entrada ou saída.
“A análise técnica, ou gráfica, é o que você vai ter que usar para limitar o seu prejuízo, por exemplo. É feito usando ordens de stop. São ordens colocadas no mercado baseado em pontos que você extrai da análise gráfica que são níveis de suporte ou de resistência”, complementa.
Ele diz que é preciso, em qualquer estratégia, saber quais os tipos de ordens e quando usá-las. “Tudo isso é relacionado com a liquidez do ativo. É preciso entender a liquidez do ativo, o risco dele, a volatilidade e a lucratividade do ativo,” ressalta.
Segundo Botelho, em um trade é preciso também estudar sobre tendências, com as teorias de Elliot, e de Dow.
Estudo, leitura e cursos de analistas sérios com experiência são necessários para só depois começar a praticar e operar com um grande “risk management”, ou controle de risco.
“As pessoas não quebram porque perdem dinheiro no mercado. As pessoas quebram tentando recuperar aquilo que perderam”, acrescenta.