Coluna do Valério Klug

Como dolarizar seus investimentos sem sair do Brasil

02 fev 2025, 12:00 - atualizado em 31 jan 2025, 12:13
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Uma alternativa acessível para dolarizar investimentos sem sair do Brasil é o uso de contratos futuros de dólar. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Em momentos de desvalorização cambial, muitos investidores buscam dolarizar parte ou a totalidade de seus investimentos. No entanto, essa estratégia exige conhecimento e cautela, pois investir em um mercado desconhecido pode representar um grande risco.

Uma alternativa acessível para dolarizar investimentos sem sair do Brasil é o uso de contratos futuros de dólar, uma ferramenta disponível na bolsa brasileira. Esse mecanismo permite que o investidor mantenha seus ativos locais, sem precisar desfazer-se de carteiras planejadas para dividendos ou mesmo de aplicações em renda fixa, enquanto se expõe à variação cambial.

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Como funcionam os contratos futuros de dólar?

Os contratos futuros de dólar são derivativos financeiros que permitem ao investidor negociar a cotação futura da moeda norte-americana. Cada mini-contrato equivale a US$ 10 mil e pode ser operado tanto na posição comprada quanto na vendida. Para operar, é necessário depositar uma margem de garantia, que varia conforme a corretora, mas gira em torno de R$ 8.500.

Quem mantém uma posição comprada paga juros sobre a cotação do dólar à vista (dólar spot), enquanto quem está vendido recebe esses juros. Atualmente, essa taxa gira em torno de 0,5% ao mês, ou aproximadamente 6% ao ano, mas pode variar conforme as condições de mercado. Os contratos futuros vencem sempre no último dia útil de cada mês e precisam ser rolados para a próxima série caso o investidor deseje manter sua exposição.

Exemplo de estratégia para dolarização

Um investidor que possua R$ 180 mil em ações e queira proteger sua carteira da variação cambial poderia comprar três mini-contratos de dólar, pois cada um equivale a aproximadamente R$ 58.700 (considerando a cotação do dólar em 29 de janeiro). Dessa forma, ele se exporia à valorização da moeda sem precisar vender suas ações.

Entretanto, é importante manter um caixa disponível para eventuais ajustes diários. Caso o dólar caia, haverá um débito na conta do investidor; se subir, haverá um crédito correspondente. Essa estratégia adiciona uma camada de proteção cambial à carteira, mas também expõe o investidor ao risco de desvalorização do dólar frente ao real.

Dolarização na renda fixa

Outra possibilidade é utilizar a renda fixa para dolarizar investimentos. Suponha que um investidor aplique seu capital em títulos públicos ou CDBs que rendam 12,5% ao ano e, simultaneamente, compre contratos futuros de dólar, que possuem um custo aproximado de 6% ao ano.

Nesse caso, haveria um saldo bruto positivo de 6,5% ao ano, além do ganho (ou perda) cambial. Essa estratégia pode ser interessante para quem acredita na valorização do dólar e deseja ampliar sua rentabilidade.

Tributação e cuidados

Os ganhos com contratos futuros de dólar são tributados em 15% sobre o lucro, pois essas operações são classificadas como swing trade (posições mantidas por mais de um dia). Além disso, eventuais prejuízos podem ser compensados com lucros futuros em operações similares.

Como qualquer estratégia financeira, a dolarização por meio de contratos futuros exige planejamento, monitoramento e conhecimento de mercado. Consultar um profissional qualificado e utilizar informações oficiais são passos essenciais para garantir uma operação eficiente e segura. O mercado brasileiro oferece soluções sofisticadas para diversificação, proteção cambial e potencialização dos rendimentos — basta saber utilizá-las estrategicamente.

Valério Klug é estrategista de mercado, sócio da Quantse Research, desenvolvimento de tecnologias. Atua no desenvolvimento de sistemas gerencias financeiros, desenvolvimento de algoritmos e plataformas. Com 18 anos de mercado é especialista em modelos de precificação.
valerio.klug@autor.moneytimes.com.br
Valério Klug é estrategista de mercado, sócio da Quantse Research, desenvolvimento de tecnologias. Atua no desenvolvimento de sistemas gerencias financeiros, desenvolvimento de algoritmos e plataformas. Com 18 anos de mercado é especialista em modelos de precificação.