Como criptoativos e blockchain ajudam protestantes antigoverno?
2020 parece ser o ano dos protestos, pois a população está insatisfeita com seus governos em todo o mundo.
Alguns exemplos de grandes protestos foram nos EUA em relação ao movimento “Vidas Negras Importam” (do inglês “Black Lives Matter”) e em Hong Kong contra o governo logo antes da pandemia da COVID-19 se propagar.
Mas essas tendências antigovernamentais sempre aconteceram ao longo da História. Porém, a novidade é que redes sociais e tecnologias emergentes como blockchain estão tendo um papel indispensável tanto para as massas como para os governos que tentam controlá-las.
Isso porque as redes sociais têm o poder de atingir mais pessoas de forma quase instantânea, pois um usuário pode publicar e organizar um protesto que pode ser facilmente compartilhado.
Embora essas tecnologias tenham contribuído para a proliferação de movimentos sociais, também têm sido uma ferramenta de centralização para rastrear demonstrações que não seguem o padrão exigido pelos governos atuais.
Segundo o Decrypt, isso é ainda mais aparente na China, em que o governo explicitamente usa a tecnologia para monitorar e controlar sua população.
Em entrevista ao site Forkast News, um funcionário do Ministério da Educação da República Popular da China contou que o uso de inteligência artificial por meio do reconhecimento facial e de voz são usados para a gestão de identidade.
Protestantes acreditam na ameaça da tecnologia de reconhecimento facial e derrubaram postes de iluminação pública onde esses dispositivos poderiam ser implementados e, bem antes da pandemia do coronavírus, usavam máscaras para evitar serem detectados.
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Porém, muitos governos proíbem o uso de máscaras, já que não dá para identificar suspeitos que causam danos a propriedades.
Assim, cidadãos de Hong Kong, por exemplo, estão ensinando a americanos como evitar serem identificados em protestos.
Algumas dicas incluem telefones descartáveis, usar chips pré-pagos, usar óculos de sol com luz infravermelha que evita o reconhecimento facial e deixar todas os documentos pessoais em casa.
Protestantes também estão usando aplicativos de redes sociais e de mensagens como Telegram e Signal que não podem ser rastreados.
Assim, a indústria cripto pode servir de alicerce para essa disrupção, com suas características inerentes como descentralização, transparência, eficácia e funciona sem a necessidade de confiança — alguns dos pilares dos movimentos populistas atuais.
O projeto No Justice, No Peace, por exemplo, é uma iniciativa artística que chama a atenção para as mortes causadas por policiais e registra, de forma imutável, o nome das vítimas no blockchain.
Cada vítima possui uma carteira com a imagem de seus assassinos e as chaves privadas foram destruídos e, assim, ficarão registrados no blockchain para sempre, onde não podem ser censurados, modificados ou removidos.
Criptoativos: utopia ou distopia?
Assim, criptoativos são uma grande ferramenta dos movimentos.
Um artigo da empresa de criptoativos Amun afirma que “criptoativos, principalmente stablecoins lastreadas em dólar, são um grande veículo de investimento para imediatamente fugir dos controles de capitais” de famílias ricas que tentam movimentar seu dinheiro para fora da China.
Embora não pareça um protesto, movimentar uma grande quantia de dinheiro ou outros ativos para fora do país demonstra uma insatisfação com o governo atual.
Cada vez mais pessoas recorrem para criptoativos não apenas como uma forma de preservar suas próprias riquezas, mas também de apoiar causas políticas de forma discreta.
O Decrypt cita um caso em Hong Kong, o da “economia circular amarela” uma rede de empresas pró-democracia apoiada por protestantes que demandam por criptoativos para se manterem anônimos.
Além disso, também houve propostas de uma criptomoeda para protestantes da região, como ROOT (algo como “revolução da nossa época”), um token que poderia ser usados em comércios asiáticos para se tornar em uma moeda soberana.