Como cenário atual do petróleo virou ‘colher de chá’ para Lula
No mês passado, a Petrobras (PETR4) anunciou uma nova política de preços para guiar a comercialização dos combustíveis derivados do petróleo no Brasil.
De acordo com a nova regra, a cotação internacional do petróleo continua sendo um fator considerado para a formulação do preços, mas não mais o único. A estatal não informou qual o peso atribuído à variável externa.
A falta de detalhes sobre este ponto específico da política de preços, que tomava posição no antigo PPI, levantou muitos agentes a questionarem como a formulação defendida pelo governo Lula se comportaria diante de um cenário de alta do petróleo.
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Porém, no que depender do ritmo atual da commodity, o mistério sobre a nova política da Petrobras tende a permanecer sem respostas. Ainda hoje, os contratos futuros de petróleo iniciam a semana afundando mais de 4%, dando continuidade a duas semanas consecutivas de perdas.
Com o pessimismo guiando as negociações, o Brent devolve todos os ganhos acumulados desde o início de dezembro de 2021 e é negociado a US$ 71. O WTI, referência do petróleo dos EUA, acompanha o movimento e volta a mínimas de mais de 16 meses atrás, aos US$ 67.
No Brasil, o cenário de baixa do petróleo gerou semanas de queda no preço da gasolina vendido na bomba. O fim de isenção de impostos federais –uma das primeiras medidas tomadas pela Fazenda em 2023– deve voltar a pressionar os combustíveis para cima.
Alívio de sanções, China e recessão puxam petróleo para baixo
Por trás do movimento desta segunda-feira (12) nos mercados de petróleo, está a ‘bombástica’ revisão baixista do Goldman Sachs. O banco de investimentos lutava por uma tese mais otimista para a commodity energética, imaginando que o Brent pudesse chegar a US$ 95 até o fim de 2023.
Mas os analistas cederam em uma publicação que se espalhou como fogo nos mercados hoje. O banco agora aposta em um Brent a US$ 86 o barril em dezembro. Trata-se da terceira revisão para baixo do Goldman nos últimos seis meses, depois de ter mantido uma previsão de alta para US$ 100 o barril.
Um dos novos fatores que não constavam nas previsões anteriores, está a possibilidade de mais oferta advinda de países fora do “núcleo duro” da OPEP. “Seguindo as surpresas em produtividade de países sancionados, aumentamos a projeção de oferta em 2024 para Rússia, Irã e Venezuela”, aponta o documento.
Para o Goldman Sachs, a luta contra a inflação conduzida pelos países do Ocidente pode ter levado a um afrouxamento nas sanções, desbloqueando a capacidade produtiva de agentes ‘marginalizados’.
Além da questão da oferta, a frustração com a reabertura da China e a queda dos níveis da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA à mínima histórica (como forma de combate a inflação dos combustíveis) também retroalimentam o sentimento baixista do investidor.
Opep+ perdeu guerra contra mercado nas últimas três rodadas
Robin Brooks, economista-chefe do Instituto Internacional Financeiro (IIF), aponta a dificuldades da Opep+ em guiar o preço do petróleo. Nos últimos três cortes anunciados — outubro de 2022, abril de 2023 e junho de 2023 — a reação do mercado foi uma só: queda dos preços.
Brooks defende que os cortes de produção estão “tornando as coisas piores”, citando a possibilidade de uma recessão global. Diante disso, o objetivo de mais receita para os países produtores acaba sendo neutralizada pela piora sistêmica da demanda no mercado global.
OPEC+ production cuts were announced in Oct. '22, Apr. '23 and Jun. '23. Oil prices fell on each occasion. OPEC+ decision makers must ask themselves if their cuts make things worse. The global economy teeters on recession. OPEC+ cuts raise recession risk, making oil prices fall. pic.twitter.com/vdHrqiyrZO
— Robin Brooks (@RobinBrooksIIF) June 12, 2023