Como blindar sua carteira do Tesouro Direto para as eleições?
Entre o pessimismo (bear market) e o otimismo (bull market) político no Brasil, há uma eleição no meio do caminho. Embora prevaleça até uma certa torcida do mercado por candidaturas de centro-direita após longo período de equívocos de política econômica, a corrida presidencial em 2018 pode provocar ruído nos preços dos ativos. Neste contexto, analistas indicam algumas precauções ao investidor interessado em garimpar oportunidades em títulos públicos.
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Uma das fontes de volatilidade reside no futuro da agenda de reformas estruturantes. A ascensão de alguma liderança contrária ao ajuste nas contas públicas elevaria a tensão dos investidores, resultando em oscilação brusca no dólar. Uma moeda americana mais cara contaminaria o nível geral de preços no país por conta da inflação de produtos importados.
A perspectiva de inflação reflete na expectativa para a taxa básica de juro, a Selic. A recomendação defensiva, portanto, cabe em títulos do Tesouro Direto indexados à inflação, o chamado Tesouro IPCA (antiga NTN-B), que remunera juros mais inflação.
Especialistas destacam o bom momento desses papéis, considerando os níveis atuais de preços. Luiz Eduardo Portella, sócio e operador de multimercados da Modal Asset, vê prêmio de risco na parte mais longa da curva de vencimento dos títulos. “Um título que está longe das mínimas é o Tesouro IPCA 2050, por exemplo, que está [com taxa de rendimento ao ano] acima de 5% e chegou a cair ao redor de 3,50% na última vez que estivemos com juro baixo”, sugere.
O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central repaginou o cenário do mercado de renda fixa. As novas projeções do BC sugerem taxa Selic de um dígito até 2020, amparadas em expectativas para a alta do IPCA em 2018 e 2019 permitindo juros ainda mais baixos.
A inflação em declínio abre espaço para redução dos juros, culminando em menor retorno na atualização do título no futuro, porém sob um melhor custo de oportunidade. Um título de taxa de 5,07% poderá ser comparado com uma taxa real (a Selic depois de descontada a inflação) lá na frente de 4,5%. Na situação inversa, se o caldo engrossar, o investidor ganha na inflação.
“Se acontecer um cenário reverso por conta de evento político ou algum fator geopolítico, uma retomada mais brusca nos juros americanos, automaticamente, isso reflete na inflação. Então vai ganhar mais na inflação e o juro vai continuar remunerando 5,07%, apesar de o mercado passar a ver um juros maior. É mais defensivo do que ficar seco em um título prefixado”, opina Mauro Mattes, gerente de investimentos da Concórdia Corretora.
Para Mattes, uma boa pedida ao aplicador de perfil moderado é o Tesouro IPCA 2035 (antiga NTN-B Principal), que atualmente está remunerando IPCA mais 5,06%. “É interessante porque não tem pagamento de juros intermediários, vai pagar no vencimento para o cliente, sem a famosa cobrança intermediária de imposto. E como é juros sobre juros tem uma capitalização composta maior, apesar do prazo mais dilatado.”