Como a tensão Brasil-Israel ‘respinga’ no agronegócio e quais os futuros riscos?
A relação entre Brasil e Israel ficou estremecida após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparar a ação do Exército de Israel na Faixa de Gaza com a atuação do governo nazista de Adolf Hitler contra os judeus.
Na avaliação de Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, com relação a Israel, não haveria um grande impacto comercial direto para o agro, dado que o país tem baixa participação em nossas exportações, representando apenas cerca de 0,5% entre os destinos de exportações do agro.
“No entanto, não vejo também ganhos aos Brasil com esse tipo de posicionamento. É um risco diplomatico desnecessário que o presidente resolveu assumir, em um momento em que o mundo passa por grandes tensões geopolíticas. Israel tem uma importância um pouco maior em nossas importações de fertilizantes. Mesmo assim ainda tem participação relativamente baixa, cerca de 5%. Não enxergo possibilidade de qualquer de uma sanção comercial”, explicam.
- 4T23: Interpretar os números do balanço de uma empresa não é tarefa fácil. Por isso, os analistas da Empiricus vão “traduzir” todos aqueles dados para que você invista melhor e monte uma carteira mais rentável. Clique aqui para receber as análises do 4T23 em primeira mão GRATUITAMENTE.
Israel pode afetar carne bovina?
O cientista político e também professor do Insper, Leandro Consentino, relembra que após o início da Guerra na Ucrânia, em 2022, as importações de fertilizantes pelo Brasil, que vinham da Rússia, passaram a vir de Israel.
“A grande preocupação fica pela possibilidade desta tensão ‘contaminar’ pautas de exportações de aliados de Israel, com os Estados Unidos, que é um grande destino da carne bovina brasileira. Por hora, não vemos essa questão afetando a pauta comercial do agronegócio e sim o âmbito diplomático, mas estes seriam os problemas caso este cenário escale”, analisa.
Em 2022, com a Guerra na Ucrânia, as importações do Brasil de fertilizantes e adubos vindos de Israel saltaram 188% na comparação com o ano anterior. No ano passado, os fertilizantes representaram 45% de tudo que Israel exportou ao Brasil.
Por fim, em 2023, Israel representou somente 0,2 do total das exportações do Brasil, em 54º no ranking das exportações do país.