Como a taxa SELIC afeta sua vida e investimentos?
Por Ana Paula de Araujo, repórter multimídia do Finanças Femininas – Para Yubb
Está enganado quem pensa que a taxa SELIC só serve para medir a rentabilidade do Tesouro Direto. Ela tem relação com inflação, alta ou queda do dólar, rentabilidade de investimentos e até com a taxa de juros que você paga quando vai pedir um empréstimo. Para você entender este conceito de economia tão importante, preparamos um manual de linguagem simples. Confira!
O que é SELIC?
Ela nada mais é do que a taxa básica de juros da economia brasileira. Quem a define é o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Para que serve a taxa SELIC?
Sendo a taxa de juros básica do país, ela é um parâmetro para as outras taxas de juros praticadas pelo mercado – e aqui incluímos desde a rentabilidade de investimentos, especialmente de renda fixa, até os juros que as instituições financeiras cobram quando concedem crédito.
Assim, quando a taxa SELIC está em um patamar alto, ela desestimula o consumo, o investimento das empresas e faz com que as pessoas sejam levadas a poupar – já que as aplicações financeiras atreladas a essa taxa pagam bem quando ela sobe. Com o consumo desestimulado, os setores de comércio, indústria e serviço acabam padecendo.
Por outro lado, com a taxa em um patamar baixo, as pessoas são estimuladas a consumir e, na teoria, os empreendedores conseguem crédito com taxas de juros mais baixas, estimulando o crescimento das empresas e, por fim, a economia em geral.
Taxa SELIC versus inflação
Pelo motivo citado acima, a SELIC é uma ferramenta de política econômica para controlar a inflação: quando ela está alta, o Banco Central sobe a taxa SELIC. Isso desestimula a produção e o consumo, ajudando a “segurar” o aumento dos preços.
No entanto, caso a inflação dê sinais de desaceleração, abre-se espaço para que a taxa comece a cair, estimulando o consumo, a produção e o crescimento. Ainda não entendeu muito bem? Então, sugerimos que você dê uma olhada neste artigo, no qual explicamos tudo sobre inflação.
Como a taxa SELIC afeta seus investimentos?
Se você aplica em Tesouro Direto, sabe que essa taxa é a base da rentabilidade do Tesouro SELIC. Ela também ajuda a balizar os títulos prefixados. Mas não para por aí!
A taxa SELIC serve também de referência para o CDI, que é uma taxa usada para os bancos emprestarem dinheiro entre si e que determina a rentabilidade de uma enorme parte dos investimentos privados em renda fixa. Aposto que você já ouviu falar que um investimento rende mais que 100% do CDI!
Então, quanto mais alta a SELIC, maiores os resultados das aplicações financeiras? Depende.
É preciso levar em consideração a rentabilidade real, ou seja, a diferença entre a rentabilidade do investimento e a inflação. A conta é:
Taxa de juros – inflação – taxas cobradas pelo investimento = rentabilidade real
Por isso, se a inflação estiver alta, de nada adiantará você ter maior rentabilidade se o seu dinheiro valerá menos. Assim, tudo bem a SELIC atualmente estar em 6,5% ao ano: a rentabilidade real continua atrativa, visto que a inflação mostra sinais de desaceleração.
Também é importante analisar as taxas cobradas pelo investimento escolhido. Uma simulação feita pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) apontou que, com a taxa SELIC a 6,5% a.a., a caderneta de poupança é mais rentável do que uma série de fundos de renda fixa – especialmente aqueles com taxas de administração superiores a 1% ao ano.
Antes de torcer o nariz, lembre-se de que a poupança é uma boa opção para guardar seu fundo de emergência – aquele dinheirinho reservado para os imprevistos da vida. Mas existem CDBs com liquidez diária que também cumprem bem esse papel!
Como escolher seus investimentos de acordo com a taxa SELIC?
Na verdade, a composição da sua carteira de investimentos depende mais do seu perfil de investidor, patrimônio disponível e prazo para resgate do que o patamar da SELIC em si. No entanto, é válido ficar de olho nas projeções econômicas para escolher as aplicações que serão mais rentáveis de acordo com todos estes fatores.
O mercado prevê que a Taxa SELIC alcance 8% até o final de 2019, segundo o boletim Focus do Banco Central. Aqui, entram diversas questões políticas e, se você quiser saber como investir neste cenário, clique aqui e veja a opinião de especialistas.
Taxa SELIC e dólar
Atualmente, a nossa SELIC está no menor nível da história. Porém, o Banco Central americano está subindo a taxa de juros por lá. Ou seja, o Brasil passa a ser menos atrativo para investidores do mundo todo, que preferem aplicar seus recursos nos Estados Unidos. Com essa fuga de capitais, o dólar também sobe. A alta do dólar afeta diretamente a inflação, o que gera pressão no BC para subir os juros.
Conclusão
Viu como a taxa SELIC influencia diretamente sua vida? Independente da previsão de aumento, vale ficar de olho no noticiário: a taxa SELIC é uma peça fundamental do nosso sistema econômico e qualquer mudança afetará, e muito, sua vida.