Como a queda da Selic afeta o seu dia a dia
A taxa Selic foi revisada pelo Banco Central: o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por um corte de 0,50 ponto percentual, o que fez com que a taxa básica de juros passasse de 13,75% para 13,25% ao ano.
A mudança na política monetária foi muito comemorada pelos economistas. Isso porque, o ciclo de aperto começou em março de 2021 e seguiu até agosto de 2022, após 12 altas seguidas. Desde então, a Selic está sendo mantida no patamar de 13,75%. Antes do início do aperto, os juros estavam estacionados em 2%, menor patamar histórico, desde agosto de 2020.
O consenso econômico é de que os efeitos da taxa de juros mais baixa só devem começar a aparecer na economia entre 12 e 18 meses. Ou seja, o impacto de uma Selic mais baixa só deve aparecer no final de 2024. Mas, ao contrário do que parece, a queda dos juros afetam mais do que os investimentos.
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Veja como a queda da Selic afeta a sua vida
Crédito
A taxa Selic é usada como referência para os demais juros praticados no mercado, como de financiamentos, empréstimos e linhas de crédito. Logo, quanto mais alta está a taxa básica, mais fica caro o endividamento no país. Isso afeta tanto quem quer comprar bens quanto empresas que querem expandir os negócios.
Com o corte nos juros, a tendência é de que os juros nos bancos caiam também. Inclusive, os bancos públicos já aproveitaram a decisão do Copom para anunciar redução nas suas taxas de juros.
A Caixa Econômica Federal, por exemplo, anunciou uma redução total de 2,3% nas taxas de juros do crédito consignado. Já o Banco do Brasil confirmou que os juros serão reduzidos em até 10 pontos-base ao mês.
Consumo
Com o crédito mais barato, a tendência é que a população aumento o seu consumo, especialmente de produtos de valor mais elevado, como eletrodomésticos, móveis, imóveis e veículos. Esse movimento dos consumidores faz com que a economia fique mais aquecida: basicamente, mais produtos e serviços serão demandados, exigindo uma produção maior por parte da indústria.
Empresas
Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero, destaca que os setores com maior dependência de crédito, como de automóveis, eletrodomésticos e construção civil, devem se beneficiar mais dos juros do que setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como o elétrico.
“Isso contribui para o barateamento do crédito e, por sua vez, para um aumento do consumo, principalmente quando considerado em paralelo o aumento da renda real devido à desaceleração das pressões inflacionárias”, afirma.
Mercado de trabalho
O objetivo de uma política monetária restritiva é reduzir a atividade econômica para controlar a inflação. Neste caso, a tendência é que o mercado de trabalho desacelere e os salários fiquem estagnados.
Já em um cenário de queda da Selic, esse movimento se inverte: as empresas voltam a ter acesso a financiamentos e o consumo aumenta. Com isso, aumenta também a necessidade de mão de obra, assim como um aumento salarial pode ser visto no médio prazo.
Inflação
A queda da Selic tem suas vantagens, mas demanda atenção do Banco Central. Isso porque ela tende a aumentar a inflação do país – algo que a autoridade monetária e o governo vêm enfrentando desde a pandemia.
Ao acelerar a economia, as pessoas gastam mais e os preços dos produtos e serviços sobem por uma questão de oferta e demanda. O segredo para evitar que isso impacte o bolso dos brasileiros é o Copom encontrar o equilíbrio entre o ritmo e a magnitude dos cortes.
Câmbio
Assim como a inflação, o dólar também deve subir em relação ao real. Taxas de juros altas têm o poder de atrair investidores estrangeiros, porque a renda fixa é mais segura e paga mais que a renda variável – com isso, o câmbio cai.
O problema é que uma redução da Selic deixa a renda fixa menos atrativa, fazendo com que os estrangeiros busquem investimentos em países que oferecem condições melhores. Quanto menos dólar estiver rodando no país, mais cara fica a moeda.
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Investimentos
Do lado dos investimentos, as mudanças costumam ser rápidas: os produtos de renda fixa – como Tesouro Direto, poupança, debêntures, CDBs LCIs, LCAs e LCs – começam a perder atratividade e os investidores começam a rever as suas carteiras.
Basicamente, com a Selic alta, os rendimentos atrelados aos juros ficam mais altas. Por outro lado, quando a taxa básica cai, as remunerações caem junto.
Contas públicas
Por fim, o governo também pode respirar um pouco mais aliviado. Uma Selic baixa diminui as despesas com juros da dívida pública. Para se ter ideia, a despesa com juros somou R$ 586 bilhões em 2022, o que representa 5,96% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.