Como a China trava Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e outras ações de commodities

Ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras enfrentam um “grande peso macro”, diz o BTG Pactual, em relatório divulgado nesta terça-feira (25).

Na avaliação do banco, existe atualmente um elemento binário no setor: por um lado, os múltiplos continuam mais baratos do que nunca; por outro, a política chinesa impede que esses mesmos múltiplos consigam se expandir.

No domingo (23), o presidente da China, Xi Jinping, garantiu seu terceiro mandato de cinco anos como secretário-geral do Partido Comunista Chinês, algo sem precedentes. Xi Jinping introduziu um órgão governamental de alto escalão com vários partidários seus.

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Sem um sucessor, Xi Jinping possivelmente governará a China pelos próximos 10 anos, pelo menos, destaca o BTG.

“A remodelação do Comitê Permanente do Politburo ressalta o nível de controle que ele [Xi] agora tem sobre o Estado, priorizando seus próprios leais e abandonando os códigos de sucessão internos do Partido Comunista”, comentam Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima, do time de análise da instituição.

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De acordo com o BTG, as políticas adotadas pela China são o que estão impedindo que investidores tomem uma postura de maior confiança em relação a empresas como Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e até Suzano (SUZB3), do setor de papel e celulose.

Como resgatar a confiança dos investidores?

O BTG avalia que o que pesa mais é a sensação de continuidade da política na China, com os mercados avaliando chances menores de reviravolta de intervenções, políticas macro, e política de Covid Zero.

“A falta de visibilidade e transparência sobre a direção futura da China deve continuar pesando no sentimento de nosso universo de cobertura e provavelmente justifica a recente queda nas ações e contração de múltiplos”, reforça.

Segundo o BTG, investidores estão procurando da China:

• um relaxamento significativo ou abandono das políticas agressivas de Covid Zero que prejudicou o crescimento e a confiança nos últimos trimestres;
• uma resposta política mais decisiva em relação ao mercado imobiliário, com uma injeção de liquidez de pelo menos US$ 300 bilhões no setor para restaurar a confiança no sistema;
• melhora nos indicadores de alta frequência, principalmente relacionados à rentabilidade da siderurgia chinesa (atualmente com prejuízo); e
• incentivos econômicos para elevar as taxas de natalidade no país e reverter a tendência demográfica atual em vigor.

Sobre a produção de aço e a demanda por minério de ferro, apesar de os dados de setembro mostrarem uma recuperação nos números, o BTG avalia que, com a aproximação do inverno e com as restrições sazonais anunciadas em algumas províncias, parece haver espaço limitado para que essa força continue nos próximos meses.

“A política chinesa precisa mudar em várias frentes para restaurar a confiança no setor e garantir a tão necessária expansão de múltiplos do setor”, volta a dizer a instituição.

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