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Como a Chainalysis rastreou transações cripto de um serviço de mixagem

23 fev 2022, 12:12 - atualizado em 23 fev 2022, 12:12
Lupa investigação rastreamento
A Chainalysis afirmou que conseguiu rastrear transações ligadas ao hack à The DAO, ocorrido em 2016 (Imagem: Freepik/katemangostar)

Em meio ao relatório de ontem (22) da jornalista cripto Laura Shin, que afirma ter conseguido identificar quem hackeou a “The DAO”, uma organização autônoma descentralizada (DAO), em 2016, havia um detalhe crucial para as descobertas, que foi indicado pela empresa de análise de blockchain Chainalysis, mas que gera algumas implicações.

O detalhe era a afirmação de que a companhia havia conseguido rastrear transações por meio de um conhecido serviço de mixagem de bitcoin (BTC), chamado CoinJoin. A descoberta do rastreamento colocaria em xeque o propósito da existência do serviço.

CoinJoin é uma ferramenta de mixagem de transações cripto, criado pela empresa com foco em privacidade Wasabi Wallet.

O serviço ajuda os usuários a camuflar o histórico de transações, por meio da mixagem dos fundos com a de outros usuários. Torna-se muito mais difícil seguir a movimentação do dinheiro em diversas transações em blockchains, quando elas passam pelo serviço da CoinJoin.

O relatório da jornalista cripto afirma ter encontrado o hacker da The DAO — uma plataforma de financiamento coletivo (“crowdfunding”) desenvolvida na Ethereum que sofreu um hack em 2016 — o qual removeu fundos, fez a mixagem deles e os enviou a contas em diversas corretoras.

Segundo o The Block, foi no estágio de retirar os valores nas corretoras que a Chainalysis aparentemente identificou o suposto autor do hack. Porém, esses dados são baseados no fato de que a Chainalysis rastreou, de modo bem-sucedido, o dinheiro que foi enviado à mixagem da CoinJoin.

Agora, existem duas opções. Ou a empresa de análise de blockchain é capaz de desvelar toda e cada transação por meio da CoinJoin — o que representaria o pior cenário para defensores de privacidade — ou a Chainalysis é capaz de fazer isso sob determinadas circunstâncias, como práticas de privacidade não tão cuidadosas.

Quando contatada pelo The Block, a Chainalysis se negou a fornecer mais detalhes sobre suas habilidades em relação ao rastreamento na CoinJoin.

“Ajudamos a rastrear os fundos, apesar das tentativas do hacker de cobrir seu histórico com mixagens”, disse a empresa. “Este é mais um exemplo de que evidências são preservadas para sempre no blockchain”, acrescentou.

“Não daremos mais informações, mas podemos confirmar que o relatório de Laura sobre nosso papel na investigação dela é correto”, afirmou a Chainalysis.

O que diz outra analista de blockchain

O cofundador da empresa de análise de blockchain Elliptic, Tom Robinson, disse que não é possível remover a mixagem de todas as transações enviadas ao serviço da CoinJoin. No entanto, ele reconhece que algumas transações podem ser rastreadas.

“Sim, a Elliptic, [assim como a Chainalysis,] consegue remover a mixagem de transações em algumas circunstâncias. No entanto, isso não significa que todas as transações feitas no serviço da Wasabi Wallet possam ter a mixagem removida. Isso é geralmente possível em situações em que um usuário Wasabi cometeu um erro”, disse Robinson.

O cofundador disse que é possível rastrear fundos por meio da Wasabi Wallet, quando são realizadas práticas ruins por usuários – especificamente, a reutilização de endereço.

E quanto a outros serviços de mixagem cripto, como Tornado Cash, da Ethereum?

“Ninguém pode remover a mixagem de todas as transações enviadas a essas ferramentas”, disse Robinson.

A Elliptic disse que não está tentando rastrear todas as transações registradas em ferramentas de mixagem.

“Há razões totalmente legítimas para usar serviços de mixagem, e nosso objetivo é não violar a privacidade financeira das pessoas sem um motivo”, disse o cofundador da Elliptic.

“No entanto, nós de fato tentamos rastrear fundos específicos, cuja origem é conhecidamente de atividades ilícitas, por meio das ferramentas de mixagem”.

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