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Tarifaços de Trump: Ibovespa barato pode chamar atenção de gringos, diz vice-presidente do Bradesco (BBDC4)

09 abr 2025, 14:08 - atualizado em 09 abr 2025, 14:08
Bruno Boetger
O Ibovespa segue pressionado à medida que a guerra comercial entre Estados Unidos e China ganha força. (Imagem: Youtube/Bolsa de Nova York)

Que a bolsa brasileira está barata, isso não é novidade. Desde a pandemia, analistas dizem que o Ibovespa (IBOV) negocia com preço sobre lucro, métrica que mede o quão um ativo está atraente, abaixo dos níveis históricos. Porém, a taxação de Donald Trump pode levar a bolsa ter novos gatilhos de alta.

Segundo o vice-presidente do Bradesco (BBDC4), Bruno Boetger, o índice está mais amassado que a bolsa americana, por exemplo, o que poderia ser um chamariz para atrair os investidores internacionais.

“Achamos que é uma oportunidade para, em algum momento, o estrangeiro voltar para a bolsa brasileira”, disse a jornalistas nesta quarta em evento no Bradesco BBI.

Segundo ele, é possível esperar um rearranjo, com gringos a caça de pechinchas para fugir da volatilidade americana. “O Brasil seria uma opção boa”.

Mas para isso acontecer, no entanto, é preciso alguns gatilhos. O primeiro dele seria resolver as incertezas em torno das tarifas. Segundo o executivo, estamos ‘no olho do furacão’.

“Os tarifaços acabaram de ser implementados. Estamos ainda digerindo. Não sabemos onde isso vai acabar”, disse.

O outro é estabilização do câmbio, já que a bolsa barata por si só não seria capaz de trazer o fluxo internacional.

E um terceiro passo seria uma queda ou estabilização das taxas de juros, o que o Bradesco acredita que ocorra no segundo semestre desse ano. Atualmente, a Selic está em 14,25%. É projetado mais um aumento, mas de magnitude menor que 1 ponto percentual.

Um corte nos Estados Unidos para prevenir uma possível recessão seria a cereja do bolo.

“Isso poderia servir como um gatilho para que os investimentos em ações locais voltassem a ganhar força, já que, como se sabe, temos observado uma migração dos recursos de ações (equities) para a renda fixa. Eu acredito muito em um retorno [do fluxo estrangeiro] para o segundo semestre”.

Por ser um dos menos taxados e estar fora da linha de fogo, Boetger diz que o país tem espaço para ampliar suas exportações para a China, por exemplo.

“Nós somos um grande fornecedor de proteína, de soja para a China. Os Estados Unidos também, mas com essa guerra tarifária, se ela se agravar ainda mais, dependendo de quanto tempo ela durar, eu consigo ver a China substituindo algumas das importações dos Estados Unidos pelo Brasil”, afirma.

Boetger diz ainda que hoje o gringo já está overweight (esperado que ela supere a média do mercado) no Brasil.

Ibovespa hoje

O Ibovespa segue pressionado à medida que a guerra comercial entre Estados Unidos e China ganha força.

A partir de hoje, começam a valer as novas tarifas impostas pelos dois países. A China também anunciou uma contra tarifa de 84% sobre os produtos norte-americanos, depois da taxação acumulada de mais de 100% imposta pelos EUA sobre o gigante asiático.

Ainda no exterior, os investidores aguardam a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), quando o Federal Reserve  manteve os juros estáveis.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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