Commodities podem passar por forte queda de liquidez, alertam traders

As altas e baixas das commodities e as chamadas de margem astronômicas estão forçando operadores a reduzirem sua atividade, tirando liquidez dos mercados e exacerbando as oscilações, segundo algumas das maiores tradings do mundo.

“Estamos vendo claramente que a liquidez, em termos de encontrar compradores e vendedores em mercados apertados ou altamente voláteis, está se tornando menor”, disse Huw Jenkins, presidente e CEO da Engelhart Commodities no Financial Times Commodities Global Summit em Lausanne, na Suíça.

A Engelhart reduziu pela metade suas posições nos últimos seis ou sete meses, disse ele. A empresa não está sozinha.

À medida que as commodities oscilam descontroladamente, traders e produtores têm dificuldade em acompanhar as enormes exigências de caixa para lastrear suas posições ou assumir outras, o que está tirando os participantes do mercado.

A queda na liquidez está exacerbando a volatilidade quando os preços se movem. A cotação do gás natural na Europa chegou a subir 34% na quarta-feira, quando o presidente russo, Vladimir Putin, se preparava para exigir pagamentos em rublos pelo combustível.

Esse foi apenas o exemplo mais recente das fortes oscilações desencadeadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

“É simplesmente uma preocupação geral em todo o mercado de que estamos perdendo participação”, disse o CEO do Vitol Group, Russel Hardy. “O capital no mercado inteiro, em geral, é apertado e não consegue fazer tanto quanto faria um ano atrás, porque o custo de fazer negócios aumentou.”

Leia também

Radar do mercado

Banco do Brasil (BBAS3), Carrefour (CRFB3), Petrobras (PETR4) e outros destaques desta segunda (25)

Economia

Confiança do consumidor do Brasil tem máxima em mais de 10 anos em novembro, diz FGV

A disparada da volatilidade pode aumentar à medida que alguns participantes são obrigados a sair com prejuízo de suas posições em derivativos e se torna mais caro colocar novas posições.

Vários executivos de tradings também disseram que há uma tendência notável das empresas colocarem hedges e apostas em commodities no mercado de balcão por meio de bancos, em vez de bolsas.

Enquanto os custos associados à negociação de commodities estão crescendo, os preços mais altos também significam que as tradings precisam de crédito adicional para financiar as embarcações de commodities que enviam ao redor do mundo.

As tradings com grandes volumes físicos, incluindo Trafigura e Mercuria, levantaram bilhões de dólares em novos financiamentos de última hora para conseguirem continuar a fazer negócios.

“Temos que limitar nossa atividade e nosso apetite ao risco de acordo com nossa capacidade de financiamento. É simples assim”, disse Frederic Barnaud, diretor chefe de estratégia e comercial da Mercuria.

Em última análise, o aperto está levando a mais cautela.

“Você tem que adotar uma abordagem de gerenciamento de risco extremamente conservadora”, disse Jenkins, da Engelhart.