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Commodities nesta semana: Touros do petróleo dependem da gasolina; Ouro/USD brigam

28 maio 2019, 15:03 - atualizado em 28 maio 2019, 15:03
A AAA afirma que, apesar de os preços nas bombas de gasolina girarem em torno de US$ 3 por galão em algumas regiões, os cidadãos norte-americanos dificilmente deixaram o carro na garagem (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Barani Krishnan/Investing.com

Que novidades este verão trará para o petróleo nos EUA? Com Memorial Dayabrindo a temporada anual de viagens automotivas no país, todos os olhos estarão votados às estatísticas de gasolina a partir de agora, para ver se o consumo de combustível se mantém de acordo com as grandiosas expectativas da Associação Automotiva Americana (AAA) para o início das viagens rodoviárias de verão.

A AAA afirma que, apesar de os preços nas bombas de gasolina girarem em torno de US$ 3 por galão em algumas regiões, os cidadãos norte-americanos dificilmente deixaram o carro na garagem.

A associação prevê que o número recorde de 37,6 milhões de pessoas pegou a estrada neste Memorial Day, embora o número absoluto de viagens por todos os meios de transporte – 43 milhões – tenha sido apenas o segundo mais alto desde 2000.

Touros do petróleo à espera de um repique após a narrativa da semana passada

É uma observação interessante, pois os números semanais da Energy Information Administration (EIA), dos EUA, contam uma história diferente. Os dados da semana passada, em particular, foram pouco inspiradores, uma vez que a EIA registrou um aumento nos estoques totais de gasolina de 3,7 milhões de barris durante a semana encerrada em 17 de maio, quando as previsões eram de uma queda de cerca de 816.000 barris.

E a operação das refinarias norte-americanas foi surpreendentemente fraca às vésperas do Memorial Day, ficando um pouco abaixo da importante marca de 90% da capacidade. Ao realizar manutenções nas plantas mais longas do que o esperado e processar menos petróleo do que o previsto semana após semana, os proprietários das refinarias se tornaram mais uma fonte de frustração para os touros do petróleo que já vinham se recuperando da impressionante produção petrolífera dos EUA.

Após a pior semana para o petróleo em 2019, quem está comprado no mercado espera uma overdose altista capaz de fazer o West Texas Intermediate norte-americano voltar para cima do importante suporte de US$ 60 por barril e o britânico Brent para cima dos US$ 70. O WTI se desvalorizou cerca de 7% na última semana, enquanto o Brent caiu 5%, após um inesperado acúmulo de 5 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA pela segunda semana consecutiva.

Guerra comercial é o maior problema; Morgan Stanley e StanChart continuam baixistas

Um forte repique no petróleo nesta semana dependerá da capacidade do mercado de superar as preocupações cada vez maiores com a guerra comercial EUA-China.

E isso pode não ser tão fácil. Segundo a CNBC, Pequim indicou que nunca cederá às demandas norte-americanas de mudar sua economia dirigida pelo estado, ao afirmar que as reclamações dos EUA sobre aspectos estruturais da economia chinesa eram inaceitáveis aos “interesses centrais” da China.

Pelo menos dois bancos de investimento – Morgan Stanley e Standard Chartered (LON:STAN) – têm perspectivas menos otimistas para o petróleo.

Os analistas do Morgan Stanley declararam que “forças deflacionárias estão ganhando vigor” no petróleo, apesar das recentes tensões geopolíticas no Golfo, principalmente por causa das alegações da Arábia Saudita de que o Irã havia sabotado sua infraestrutura petrolífera e da concentração militar dos EUA se antecipando a um ataque de Teerã.

O Morgan Stanley atribui grande parte dessa força deflacionária à capacidade do shale de provocar outro excesso de oferta, apesar do seu crescimento mais lento neste ano e da tendência dos touros do petróleo de subestimar o impacto do petróleo norte-americano no mercado global.

O Morgan Stanley afirmou:

“Com 200 [bilhões] de barris de recursos com preço mínimo de lucratividade na faixa de US$ 40-45 por barril, é cada vez mais factível haver um cenário em que o shale possa crescer >1 mb/d ao ano até 2025.”

Os produtores de shale também estavam aproveitando ao máximo o chamado processo de fraturamento por meio das mais avançadas tecnologias digitais, capazes de garantir máxima produção ao menor custo por barril. Resultado final? Um impacto mundial nos custos e preços de perfuração.

O StanChart afirmou que seu índice “bull-bear” apresentou a leitura de 100 nesta semana, isto é, “o dado mais fraco nos últimos seis anos”, em vista do aumento dos estoques divulgado pela EIA em todas as categorias, exceto óleo combustível residual, o que gerou um crescimento bruto de 16,33 milhões de barris.

Hedge funds também estão reduzindo sua exposição ao petróleo, retirando lentamente o dinheiro especulativo que vinha sustentando a valorização de quase 30% tanto do WTI quanto do Brent no acumulado do ano. “Estamos em um mercado bastante direcionado pelos fluxos neste momento”, afirmou Scott Shelton, corredor da ICAP (LON:NXGN) em Durham, N.C., em entrevista a The Wall Street Journal.

Após uma série de apagões na oferta e a tensão no Oriente Médio, o petróleo não conseguiu continuar subindo, o que pode ter provocado uma mudança de sentimento, segundo Shelton, que disse ainda: “Basicamente jogaram tudo o que poderia fazer os preços subir no mercado, e nada aconteceu.”

Ryan Lance, CEO da ConocoPhillips (NYSE:COP), tem uma visão parecida:

“Se voltarmos a ver um preço de US$ 80, diremos às pessoas: preparem-se, é bem provável que tenhamos US$ 40 ou US$ 50 na outra ponta. Os ciclos estão ficando mais curtos, os topos e fundos estão ganhando relevância.”

Visão do novo primeiro-ministro britânico sobre o Brexit deve direcionar o ouro

O ouro também entra em uma nova fase de incerteza em seu papel de porto seguro, depois de o dólar americano ter voltado a ser, na semana passada, a proteção preferencial contra a guerra comercial sino-americana. A supremacia da moeda norte-americana sobre a libra esterlina também a posicionou como melhor alternativa ao ouro para investidores em busca de proteção contra o Brexit. Isso ficou bastante claro depois que a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou sua decisão de deixar o cargo na sexta-feira, levantando novas dúvidas sobre o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia.

A direção do ouro na próxima semana pode ser decidida pelo substituto de May e por seu discurso a favor do Brexit, o que poderia enfraquecer ainda mais a libra esterlina e impulsionar o metal amarelo.

ouro spot, que reflete as negociações em lingote, era negociado a US$ 1.284,87 por onça, uma queda de 0,1% na semana.

Já os futuros de ouro com entrega em junho, negociados na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York, fecharam a US$ 1.283,60 por onça, com valorização de 0,1%.

Índice do Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, caiu 0,3% para 97,44. A libra fechou a semana praticamente estável, a US$ 1,2672.

Fawad Razaqzada, analista do site FOREX.com, declarou:

“Se um líder conservador pró-Brexit for eleito, como Boris Johnson, a libra esterlina pode sofrer uma desvalorização ainda maior.”

“Mas devemos esperar para ver como se desenrolará a situação no curtíssimo prazo; pode ser que a libra tenha picos rápidos aqui e ali.”

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