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Commodities nesta semana: Touros buscam prêmio de risco no petróleo; Ouro em alta

22 jul 2019, 18:53 - atualizado em 22 jul 2019, 18:54
No pregão asiático desta segunda-feira, tanto o petróleo West Texas Intermediate quanto o Brent se valorizavam 1%  (Imagem: Pixabay)

A captura de um navio petroleiro britânico pelo Irã será capaz de provocar uma alta nos preços do petróleo nesta semana?

No pregão asiático desta segunda-feira, tanto o petróleo West Texas Intermediate quanto o Brent se valorizavam 1% ou mais, em uma resposta atrasada à ação de Teerã na sexta-feira, que retaliou a apreensão de um navio petroleiro iraniano pelas autoridades britânicas em Gibraltar.

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Porém, passada mais de uma semana, é discutível que tipo de prêmio esse tipo de atrito pode gerar nesta nova semana de negociação no petróleo.

Apesar de encerrarem a sexta-feira em alta em Nova York, as duas referências do petróleo ainda registraram perdas semanais consideráveis. O WTI terminou a semana com uma desvalorização de 7,6%, a maior em sete semanas, enquanto o Brent registrou uma queda de 6,4%, a mais acentuada em sete meses.

Essa forte queda ocorreu apesar de dados semanais mostrarem que houve mais um declínio nos estoques petrolíferos norte-americanos, resultado de uma retirada líquida de 12,5 milhões de barris em apenas duas semanas.

Dominick Chirichella, diretor de risco e negociação do Instituto de Gestão Energética, em Nova York, observou que, na falta de choques de oferta, as preocupações com a demanda pesaram sobre o mercado.

Chirichella disse ainda sobre o Irã:

“Não está claro qual será a ação do Reino Unido ou dos EUA nos próximos dias, pois não chegou muita informação à mídia norte-americana… Ainda.”

“Por enquanto, a preocupação com a desaceleração econômica mundial ainda parece ter mais relevância do que essa situação geopolítica.”

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Nuvens negras sobre a demanda de petróleo

Nuvens negras estão se formando sobre a demanda petrolífera.

A Agência Internacional de Energia, sediada em Paris, reduziu sua previsão de crescimento da demanda em 2019 para 1,1 milhão de barris por dia, alertando para mais um corte no futuro se a economia global continuar arrefecendo.

No front EUA-China, as tratativas parecem ter se estagnado novamente, com o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçando aplicar mais tarifas contra Pequim por não adquirir produtos agrícolas dos EUA. O governo de Xi Jinping, por sua vez, continua incomodado com o tratamento que Trump tem dispensado à gigante chinesa de tecnologia Huawei.

Também parece estar havendo um excesso de oferta na gasolina, combustível que foi o precursor do rali do petróleo neste ano. O arrefecimento da economia e o aumento da capacidade de refino podem gerar mais uma saturação de gasolina no final de 2019 e início de 2020, afirmou o Bank of America (NYSE:BAC). O banco afirmou ainda:

“As frações da gasolina tiveram um início de ano difícil e, embora os fundamentos tenham melhorado até meados do ano graças às paradas das refinarias, o cenário para o resto de 2019 e 2020 é de fraqueza do ponto de vista histórico.”

Em meio a isso, continuam os esforços para que EUA e Irã tomem o caminho da diplomacia, elevando o temor dos touros do petróleo de que qualquer relaxamento das sanções de Trump a Teerã preparará o terreno para o retorno do petróleo iraniano a um mercado praticamente sobreabastecido.

A lógica obriga Trump a negociar com o Irã, mas será que ele fará isso?

Trump já disse no passado que quer que a Opep produza mais 2 milhões de barris por dia de petróleo para reduzir os custos de energia para os consumidores norte-americanos. O presidente precisa que os preços do combustível nos EUA estejam no menor patamar possível antes da sua campanha de reeleição em novembro de 2020.

No entanto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo tomou outro caminho, restringindo a oferta em 1,2 milhão de barris por dia desde dezembro de 2018. A Opep quer manter os cortes até pelo menos março de 2020 e pode estendê-los após esse prazo.

A lógica obriga Trump a concordar em selar um novo acordo nuclear com os iranianos, pois aqueles 2 mbpd que ele está buscando da Opep encontram-se exatamente em Teerã. Após firmar o acordo nuclear original com o governo Obama e outras potências mundiais, em 2015, Teerã produziu até 2,5 mbpd em seu pico.

A projeção do Investing.com é que o WTI e o Brent cairão cerca de US$ 5 por barril cada um, uma semana ou duas depois do anúncio de que o Irã e os EUA estão prontos para conversar. E qualquer repique a partir de então dependerá da possibilidade de um iminente Acordo Nuclear 2.0 com o Irã.

No entanto, apesar das suas melhores intenções, não há qualquer sinal imediato de que os dois lados firmarão um acordo. O Irã exige que Washington retire todas as sanções contra o país para o início das negociações, ao passo que o governo Trump afirma que não deve haver pré-condições para as tratativas.

Ouro aguarda primeiro corte de juros dos EUA em uma década

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O ouro também iniciou a nova semana em terreno positivo na Ásia, com o spot e os futuros do metal precioso girando em torno de US$ 1.400 por onça, na medida em que os traders antecipam o primeiro corte de juros nos EUA em mais de uma década.

A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anuncie uma redução de 25 pontos-base nos juros em sua reunião de política de 30-31 de julho e possivelmente um corte de 50 pontos-base em agosto.

Trump, que tem criticado o Fed por não cortar os juros mais cedo, subiu o tom na sexta-feira contra o que chamou de “processo de raciocínio falho” do banco central. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem ignorado os ataques de Trump neste ano, citando a independência do banco central e a falta de necessidade de responder à pressão política de curto prazo.

Além do Fed, bancos centrais ao redor do mundo têm adotado uma posição cada vez mais moderada na política monetária, o que beneficia o ouro.

Há uma grande expectativa de que o Banco Central Europeu dê mais sinais de flexibilização nesta semana. O mercado já precificava uma probabilidade de corte maior que 50% na sexta-feira. Bancos centrais menores, de países como Coreia do Sul e África do Sul, já tomaram uma ação nesse sentindo na quinta-feira.

A perspectiva de taxas de juros menores se disseminou pelo mercado de renda fixa, gerando rendimentos negativos equivalentes a US$ 13 trilhões em títulos de dívida, o que aumentou a atratividade do ouro.