Saúde

Comissão de Ética e Pesquisa contraria Anvisa e recomenda continuidade de testes com CoronaVac

10 nov 2020, 19:25 - atualizado em 10 nov 2020, 19:25
Sinovac
Entendemos que o óbito do voluntário não estava relacionado à aplicação da vacina (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

A Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), órgão responsável pela análise dos protocolos de pesquisas relacionadas à Covid-19 no Brasil, defendeu nesta terça-feira a continuidade dos testes com a CoronaVac pelo Instituto Butantan, após a suspensão do ensaio clínico determinada na véspera pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em razão de um evento adverso grave ocorrido com um voluntário.

Tanto a Anvisa quanto o Conep foram comunicadas pelo Instituto Butantan sobre o evento adverso, mas os dois órgãos se manifestaram de maneiras opostas sobre a continuidade do ensaio clínico.

“A justificativa seria ‘evento adverso grave’, segundo a Anvisa, após a morte de um dos participantes de pesquisa. Porém, o óbito não tem relação com qualquer evento colateral dos estudos, segundo a Conep, que avaliou a medida da Anvisa”, disse a assessoria da Conep, órgão ligado ao Conselho Nacional de Saúde, em comunicado publicado em seu site.

“Entendemos que o óbito do voluntário não estava relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação final de seu comitê independente”, informou o coordenador da comissão, o médico Jorge Venâncio, segundo a nota.

Uma fonte informou à Reuters que um voluntário dos testes da CoronaVac cometeu suicídio, o que não teria relação com os testes.

Esse argumento foi usado por dirigentes do governo paulista para pedir a continuidade dos estudos, mas a Anvisa manteve nesta terça a interrupção.

A Conep, assim como a Anvisa, tem a responsabilidade de emitir pareceres sobre os projetos de pesquisas clínicas no Brasil. A comissão tem por objetivo garantir a segurança plena a qualquer um dos participantes envolvidos voluntariamente.

“O CNS seguirá debatendo o assunto para encontrar formas de garantir que os estudos para a vacina da Covid-19 no Brasil avancem”, afirmou o órgão.

A vacina da Sinovac virou motivo de disputa acirrada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, que são desafetos políticos e frequentemente trocas farpas publicamente.

Na manhã de terça, em uma rede social, Bolsonaro comemorou a suspensão dos testes com a CoronaVac como se fosse uma vitória pessoal sua.

Em resposta a um apoiador no Facebook, o presidente insinuou, sem provas, que o medicamento chinês poderia causar “morte, invalidez, anomalia”. Na sequência escreveu: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

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