Comércio justo de cacau é insuficiente para evitar desmatamento
O setor de cacau enfrenta obstáculos no combate às causas do desmatamento, apesar de uma série de iniciativas destinadas a proteger a biodiversidade e ajudar os agricultores, de acordo com um grupo de pesquisa francês.
As iniciativas variam desde certificações como Fairtrade e Rainforest Alliance até políticas de sustentabilidade de empresas como Mars, Nestlé e Barry Callebaut.
Mas, apesar de alguns avanços, as medidas esbarram em dificuldades para alcançar uma “transformação genuína”, especialmente para abordar os reais fatores de desmatamento do setor, segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (IDDRI, na sigla em francês), com sede em Paris.
“O risco de desmatamento relacionado ao setor de cacau continua fortemente associado ao potencial deslocamento de áreas de produção para países que ainda possuem cobertura florestal significativa”, disseram Frederic Amiel e Yann Laurans, do IDDRI, em relatório divulgado terça-feira.
Há décadas, o cacau tem sido a espinha dorsal de economias como as da Costa do Marfim e Gana, grandes produtores globais, tornando o combate ao desmatamento mais difícil para países dependentes das exportações.
A área usada para cultivar cacau mais que dobrou para 10 milhões de hectares desde a década de 1970, com mais da metade da expansão às custas de florestas naturais, disse o IDDRI.
Embora rótulos orgânicos e de comércio justo ajudem a apoiar agricultores e reduzam a pressão sobre a biodiversidade local, suas especificações não são precisas o suficiente em relação ao desmatamento, de acordo com o estudo.
Os compromissos voluntários de empresas são quase exclusivamente baseados no aumento da produção de cacau por hectare, o que, segundo muitos estudos, não é um método particularmente eficaz para proteger a biodiversidade, disse o IDDRI.
É necessário manter a demanda global por cacau em um nível sustentável para evitar uma expansão da produção em novas áreas florestais em lugares como a África Central, disse o IDDRI.
Ao mesmo tempo, toda a cadeia de suprimentos deve redobrar os esforços para atender a demanda por cacau sustentável, como grãos mais rastreáveis e preços favoráveis, disse o documento.