Combustíveis: StoneX vê recuperação de vendas para gasolina e queda de etanol hidratado
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O consumo de gasolina C no Brasil deverá se recuperar em 2025, com alta de 3,4% na comparação com 2024, para 45,7 bilhões de litros, enquanto o combustível concorrente, o etanol hidratado, verá uma redução na demanda após disparada no ano passado, avaliou nesta quarta-feira (26) a consultoria StoneX.
Em relatório, a StoneX projetou uma queda de 1,8% no consumo de etanol hidratado, para 21,2 bilhões de litros, com uma menor competitividade frente à gasolina C, que conta atualmente com uma mistura de etanol anidro de 27%.
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Este é o “fator chave para a retração”, afirmou a StoneX, após as vendas do etanol hidratado pelas distribuidoras terem saltado 33,4% em 2024 ante 2023, segundo dados oficiais.
O preço médio do etanol nas usinas do Estado de São Paulo, principal produtor e consumidor no país, aumentaram mais de 30% para 2,85 reais por litro, em termos nominais, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do centro de estudos Cepea.
Nas bombas dos postos, o preço médio do etanol no país havia subido pouco mais de 20% até o início de fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL). Já o preço médio da gasolina nas bombas subiu menos, registrando avanço de cerca de 10%, na mesma comparação.
Já a demanda de combustíveis do Ciclo Otto (etanol e gasolina) deverá ter crescimento de aproximadamente 2% em 2025 ante o ano passado, para 60,6 bilhões de litros, afirmou a StoneX citando a força no consumo das regiões Norte e Nordeste, com crescimento superior ao centro-sul.
“Esse movimento reflete as perspectivas de crescimento do e da melhora de indicadores de consumo interno, os quais devem elevar o fluxo de veículos leves pelo país”, afirmou a StoneX.
Apesar do aumento esperado para 2025, a consultoria afirmou que o consumo de gasolina ainda será inferior ao recorde de 2023.
Segundo a StoneX, uma alteração tributária, com a chamada monofasia no etanol a partir de abril de 2025, implicando em redução de R$ 0,05/litro no imposto do etanol hidratado, pode tornar o combustível mais competitivo com a gasolina, “mas o impacto será limitado”.
Cobrança de impostos
Atualmente, há bifasia nas vendas do etanol, em que, no hidratado, o produtor paga R$ 0,13/litro (PIS/Confins) na operação, e o distribuidor paga R$ 0,11/litro na venda para os postos — com um agregado de R$ 0,24/litro de impostos federais, segundo relatório da StoneX.
Na nova regra, será cobrado um único imposto, ao produtor, de R$ 0,19/litro, diminuindo assim R$ 0,05/litro na tributação total.
Para o anidro, o imposto (R$ 0,13/litro) já era cobrado apenas ao produtor, pois a venda pelo distribuidor incorporava o imposto já na gasolina comum. “Na nova regra, esse tributo será similar ao hidratado, de R$ 0,19/litro, aumentando, portanto”, disse a StoneX.
A consultoria destacou que, pelo lado tributário, “2025 pode ser um ano bastante movimentado para o setor etanoleiro”. Em fevereiro, já houve o incremento de R$ 0,10 no ICMS da gasolina, positivo para a venda das usinas (que, na entressafra de cana e com menor volume de oferta, aumentam seus preços de venda).
“Além do contexto tributário, há a possibilidade de aprovação do aumento da mistura do anidro na gasolina para 30%. No geral, há fatores suficientes para indicar um ano bastante altista para o etanol hidratado, sendo este o fundamento central que trará um menor consumo pela população”, completou.
De acordo com as Projeções de Preço da StoneX, a média anual do hidratado (base SP) nas usinas, desconsiderando os impostos, deve subir 15% em 2025 no comparativo com 2024.
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