O motivo que irritou investidores da MRVE3 e fez a ação tombar 10%
As ações da MRV (MRVE3) fecharam o pregão desta quarta-feira (18) com forte queda e na liderança das perdas do Ibovespa. Investidores reagiaram mal aos números divulgados ontem à noite, na prévia operacional do terceiro trimestre deste ano.
Enquanto o índice Ibovespa caiu 1,60% e perdeu os 115 mil pontos, os papéis da construtora e incorporadora despencaram 10,08%, negociados a R$ 8,30, mínimas desde maio.
Com o tombo de hoje, a MRVE3 tem o pior desempenho de outubro entre as empresas listadas no principal índice da B3, cuja desvalorização chega a 22,2% no acumulado do mês.
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Analistas divergem sobre números da MRV
Impulsionadas pelas mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), entre o fim de junho e começo de julho, a MRV viu suas vendas líquidas e o valor geral de vendas (VGV) de lançamentos crescerem na comparação com o mesmo trimestre de 2022.
Contudo, analistas divergem sobre os resultados prévios e chamam a atenção para a queima de caixa da companhia, vista como acima do esperado.
Os analistas do Itaú BBA veem que a empresa de construção civil reportou forte desempenho operacional, combinando vendas fortes com aumento contínuo no preço médio das unidades, além de desempenho saudável de lançamento.
Já a equipe do BTG Pactual pondera que os dados de julho a setembro foram mistos e que a MRV está mostrando “uma clara reviravolta” nas operações do Brasil, com melhora do fluxo de caixa e preços de venda com bom crescimento.
No entanto, o banco chama a atenção para as unidades lançadas. “A MRV não cresceu tanto em lançamentos, pois optou por focar na redução de estoques e no aumento de preços”, comentam os analistas do banco.
Enquanto a equipe de real estate da XP observa que os números foram ligeiramente positivos, com as vendas líquidas do principal negócio da MRV&Co, o segmento de incorporação da MRV, sendo o destaque.
Porém, os analistas da XP ressaltam que os lançamentos ainda estão abaixo dos níveis históricos, mesmo que os dados mostrem crescimento.
“Parece razoável considerando a estratégia da companhia de aumentar a seletividade dos projetos para recuperar a rentabilidade”, dizem.
Queima de caixa volta a preocupar
Para o Itaú, a queima de caixa relatada foi maior que a prevista para o período. “O que esperamos compensar
a melhoria contínua na frente operacional”, diz a equipe do BBA.
Os analistas destacam o consumo de caixa de R$ 443 milhões da Resia, subsidiária nos Estados Unidos. Para eles, esse dado era esperado, já que a empresa não teve lançamentos no trimestre.
O BTG acrescenta que a empresa também não conseguiu vender um único projeto entre julho e setembro. Enquanto a equipe da XP diz acreditar que o cenário ainda desafiador de taxas de juros nos Estados unidos deve impactar a visibilidade da reciclagem do portfólio multifamiliar da empresa.
*matéria atualizada às 19h30