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Com Tinlake, Centrifuge deseja unir ativos reais ao mundo das finanças descentralizadas

26 maio 2020, 16:01 - atualizado em 26 maio 2020, 16:01
Por meio de Tinlake, a startup Centrifuge deseja dar acesso ao setor DeFi por meio da tokenização de ativos reais (Imagem: Centrifuge)

Um serviço baseado na Ethereum e lançado hoje (26) permitirá que usuários convertam ativos do mundo real em criptoativos que possam ser usados para acessar serviços de finanças descentralizadas (DeFi).

Lucas Vogelsang, CEO da Centrifuge — startup por trás do novo serviço — afirma que o objetivo principal é tornar serviços DeFi, como MakerDAO, mais relevantes e úteis para mais pessoas do que são hoje — mesmo se isso significar a dependência em um entidade legal que pode ser visto com um único ponto de falha.

Aplicações financeiras criadas em blockchains públicos prometem dar mais acesso às pessoas a contração e concessão de empréstimos, bem como outros serviços, já que não exigem que haja uma instituição financeira tradicional.

Por exemplo, MakerDAO permite que usuários depositem garantias denominadas em criptoativos para tomar empréstimos denominados em stablecoins lastreadas em dólares, chamada DAI.

Porém, a participação no setor DeFi é limitada porque requer que usuários tenham ativos puramente nativos, afirma Vogelsang. “Como atraímos usuários? Uma das formas é permitir que usem os ativos que já têm”, afirma ele.

Pata tal, hoje, a Centrifuge lançou uma aplicação descentralizada (dapp) na Ethereum chamada Tinlake, que permite que usuários convertam ativos do mundo real em valores mobiliários em que tokens de padrão ERC-20 (que garante anonimidade da quantia e dos participantes envolvidos na transação), podem ser emitidos.

Esses tokens poderão ser usados para garantir acesso a serviços DeFi.

Na Tinlake, investidores poderão emitir dois tipos de token: Tin (mais arriscado, porém de maior rendimento) e Drop (para aquisição de serviços) (Imagem: Tinlake)

Como funciona?

Imagine que você detenha ativos, como financiamento de um automóvel, faturas de negociações ou direitos autorais de um streaming de música — documentos legais que te dão direito a dinheiro.

Como um “originador de ativos”, você pode usar Tinlake para converter esses ativos em tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês), com toda a documentação jurídica necessária, criar um grupo de ativos (chamado de “securitização” no mercado financeiro tradicional) e, em seguida, emitir dois tipos de tokens ERC-20, explica Vogelsang. Centrifuge os chama de tokens Tin e Drop.

Vogelsang afirma que o processo é parecido com a emissão de uma “tranche júnior” de uma “tranche sênior” de valores mobiliários — uma abordagem comum nas finanças tradicionais.

A tranche júnior (token Tin) é mais arriscada — se houver perdas, detentores desse token são os primeiros a cobri-las —, mas possui um rendimento maior. A tranche sênior (token Drop) é mais estável e menos arriscada.

Originadores de ativos terão uma quantia de tokens Tin — para “fazerem parte do jogo”, afirma Vogelsang. Outros investidores em Tin provavelmente serão negociadores sofisticados que entendem bem a peculiar classe de ativos do mundo real e querem ter exposição alavancada, afirma ele.

Por outro lado, tokens Drop serão usados no futuro no setor DeFi.

Finanças descentralizadas é o termo dado a serviços monetários que não dependem de uma instituição que os controla, dando mais liberdade e acesso àqueles que desejam investir nesse setor (Imagem: Centrifuge)

Finanças descentralizadas

Centrifuge está firmando parceria com a startup de financiamento comercial ConsolFreight para tokenizar faturas de transportes de carga.

Em um projeto parecido, Centrifuge se uniu à Paperchain, uma startup que ajuda seus clientes a terem acesso inicial aos direitos autorais de streamings de música, para tokenizar tais direitos autorais.

Em ambos os casos, os líderes dos projetos também apresentaram propostas à comunidade MakerDAO para aceitar seus tokens Drop como garantia para empréstimos em stablecoin.

Isso possibilitaria que empresas usassem faturas de transportes de cargas tokenizadas ou direitos autorais de streaming de música como garantia para empréstimos em dinheiro, uma prática que, nas finanças tradicionais, é chamada de “fomento comercial de faturamento” (“invoice factoring”).

Anteriormente, Vogelsang e três de seus cofundadores na Centrifuge haviam trabalhado com uma empresa chamada Taulia, que desenvolvia software que clientes usariam para dar a seus fornecedores opções de financiamento para suas faturas.

Ele afirma que a experiência mostrou oportunidades de atender determinados grupos — por exemplo, empresas que detém acordos de faturas comerciais ou direitos autorais de streamings de música — que querem usar esse tipo de serviço financeiro, mas que, por algum motivo, não têm acesso.

Essa oportunidade não estará disponível para todos. ConsolFreight e Paperchain, por exemplo, têm sede nos EUA e, assim, estão sujeitas à lei de valores mobiliários do país. Assim, caso seja um cidadão estadunidense, é preciso ser um investidor qualificado para acessar o serviço.

Ele é o lado negativo de levar ativos do mundo real ao blockchain, afirma Vogelsang. “Esses ativos só valem algo se você tiver um direito legal com uma garantia subjacente”.

Para tal, Centrifuge estabeleceu que cada grupo de ativos seja associado a uma entidade legal, chamada de “veículo de propósito específico (VPEs), que age como uma emissora dos tokens Tin e Drop.

“Estamos trabalhando muito para tornar esse VPE o mais fraco possível, delegando a maior parte para o contrato inteligente”, afirma ele.

Alguns ainda podem considerar a iniciativa como um ponto de falha, mas Vogelsang a vê como uma troca. “DeFi realmente precisa que novos ativos consigam crescer mais”, diz ele. “Ativos do mundo real, creio eu, devem ser essa oportunidade.”

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