Com sobra, arroz não repete demanda de 2020 e produtores já pensam em escoar para ração
Os arrozeiros gaúchos saíram de quarta maior safra da história, acima de 8,5 milhões de toneladas, alimentada por produtividades recordes, sem o ímpeto do consumo interno e exportador igual a 2020, quando em pleno final de safra (abril/maio) os preços já mostravam solidez mesmo com a oferta maior entrando.
A inflação do arroz não deverá se repetir em 2021 e os produtores estão enxergando a alternativa de escoar parte da produção para as indústrias de ração. Aliás, segue movimento de outros grãos, com as misturadoras testando alternativas de substituição ao milho, como o sempre escasso trigo nacional.
O analista Vlamir Brandalizze tem ouvido isso dos produtores do maior estado rizicultor brasileiro.
As indústrias de rações estão pagando até R$ 80 a saca. As indústrias de beneficiamento para alimentação humana não estão nem alcançando os R$ 77. Além de a maioria oferecer o piso nominal mais baixo, de R$ 70.
“As empresas não estão conseguindo repassar mais preços nos supermercados”, diz Brandalizze, que enxerga no pacote de R$ 18 o limite de preço, embora as promoções abaixo estejam grandes.
Poderá haver maior fluidez nas gôndolas ao final de julho, com os estoques mais baixos, e esse cenário poderá ser o prazo de espera para os rizicultores gaúchos aguardarem seus tradicionais clientes elevarem as ofertas acima das fábrica de alimentos para os animais.