Com ruas vazias, crimes aumentam em cidades grandes dos EUA
Entre ruas vazias e lojas fechadas, os índices de criminalidade em algumas das maiores cidades dos EUA caíram — com algumas exceções.
Roubos de carros e lojas estão disparando em algumas áreas, embora o crime de maneira geral — especialmente o que envolve violência — tenha diminuído em 10 das 20 cidades mais populosas do país.
No caso de São Francisco, incidências de crime caíram pela metade. As informações foram extraídas de uma análise de dados de 10 cidades grandes realizada pela Bloomberg News.
“É apenas reflexo da redução de oportunidades para eventos desse tipo”, disse Daniel Nagin, criminologista e professor da Faculdade de Políticas Públicas H.J. Heinz da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh. “Assassinatos geralmente ocorrem em lugares públicos, como bares e afins. Com essas atividades suspensas, há menos interação social.”
O roubo de carros é exceção, pelo menos em alguns lugares. Em Nova York houve alta de 49% na semana encerrada em 12 de abril, na comparação com o mesmo período do ano passado. A polícia intensificou o patrulhamento em bairros onde o roubo de veículos é mais comum.
Em Los Angeles, o roubo de carros foi o único crime grave a mostrar aumento anual, da ordem de 11,3% nos 28 dias encerrados em 11 de abril.
As invasões de propriedade privada também estão aumentando em Nova York, com alta de 26% em relação a um ano atrás. Na semana encerrada em 12 de abril, esse tipo de crime mais que dobrou na parte sul de Manhattan, onde muitas lojas estão desocupadas.
Em Denver, esse crime saltou 34% em março, com maior número de arrombamentos de lojas que vendem maconha. Na Filadélfia, as invasões de propriedade privada diminuíram 6,7% no total: o arrombamento de residências diminuiu 25% porque mais gente está ficando em casa, porém o arrombamento de propriedades comerciais disparou 71%.
Todas as 10 cidades que forneceram dados mostram diminuição nos estupros e agressões sexuais, com São Francisco apresentando a maior queda (mais de 50% em relação ao mesmo período de 2019).
No entanto, Charis Kubrin, professora de criminologia da Universidade da Califórnia em Irvine, alerta que esses indicadores não são confiáveis porque esse tipo de crime é sabidamente pouco denunciado, em parte porque as vítimas relutam em procurar a polícia.
De modo geral, os assassinatos estão em queda. “Há menos oportunidades para os jovens se reunirem”, explicou Kubrin. “Portanto, há menos chance de beberem álcool e ocorrerem discussões que saem do controle e resultam em agressões ou homicídios.”
No entanto, ao contrário da queda nas agressões sexuais, a queda nos homicídios é um indicador mais confiável, segundo ela.
Os roubos também diminuíram de forma generalizada nas cidades pesquisadas. Mas Kubrin acha que, com a queda nos crimes de rua, pode haver aumento dos crimes de colarinho branco, como manipulação de preços e fraudes online.
“As oportunidades migraram da rua para a internet”, alertou ela.