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Com retomada do varejo, é momento de esquecer Magazine Luiza (MGLU3) e dar uma chance à Via (VIIA3)?

08 set 2022, 18:26 - atualizado em 09 set 2022, 8:58
Megaloja Casas Bahia, Via
Via vai ter que batalhar para retomar a confiança do mercado dentro do setor de varejo, diz analista (Imagem: Divulgação/Casas Bahia)

O segundo semestre é de recuperação para as ações do varejo. Com a perspectiva do fim do ciclo de aperto monetário no Brasil, investidores estão diminuindo exposição a commodities e passaram a abraçar os ativos locais.

As ações do varejo de e-commerce deram uma engatada após os resultados do segundo trimestre. Via (VIIA3), em especial, surpreendeu o mercado ao reportar lucro líquido de R$ 6 milhões, contrariando as estimativas de prejuízo.

Mas foi a ação do Magazine Luiza (MGLU3) que ganhou os investidores, mesmo com a empresa reportando seu terceiro prejuízo consecutivo na última safra de balanços.

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Desde o início do segundo semestre, os papéis do Magazine Luiza saltaram 83,3%, ante uma valorização de 58,8% da Via no mesmo período.

Em relatório publicado na semana passada, o BB Investimentos afirma que os ganhos recentes das ações antecipam o movimento de recuperação das vendas do setor, que deve ser observado de forma mais expressiva a partir de 2023.

As perspectivas positivas devem favorecer as companhias do varejo cíclico na Bolsa no decorrer do semestre, avalia o BB.

Porém, existem motivos para o mercado estar mais otimista com o Magazine do que com a Via, mesmo com a primeira empresa reportando perdas e a segunda surpreendendo com um lucro milionário.

Atrás do rival

Segundo Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, é natural que uma empresa como a Via, que vem de um turnaround, esteja atrás do Magazine Luiza – uma empresa que, dentre as brasileiras, é líder do setor.

“Comparando uma empresa de turnaround com outra que está rodando bem há algum tempo, evidentemente, ela [Via] já estava para trás”, diz.

Victor Bueno, analista da Nord Research, comenta que, além do fato de a ação do Magazine Luiza ter caído mais, a visibilidade de crescimento da empresa é maior do que a da Via.

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Bueno afirma que o Magazine Luiza conta com pilares mais sólidos que os da concorrente, apesar da pressão relevante nas margens devido ao cenário macro atual e dos “erros pontuais” na gestão de estoques durante a pandemia de Covid-19.

“Apesar desses problemas, o Magazine Luiza continua construindo um sólido ecossistema de produtos e serviços que são oferecidos para os clientes e os sellers do marketplace“, defende.

“Além disso, em dois anos, a companhia realizou 20 aquisições para fortalecer essa proposta de ecossistema cada vez mais completo”, acrescenta o analista.

No caso da Via, Bueno lembra que a companhia ainda está lidando com problemas internos relacionados à sua gestão. Além disso, os últimos resultados mostraram fortes quedas, impulsionados por grandes provisões (principalmente no primeiro trimestre).

“Ela vai ter que batalhar mais que as demais para retomar a confiança do mercado dentro do setor”, afirma.

A última a aproveitar a retomada?

Ações de varejo
Magazine Luiza está bem à frente no quesito e-commerce (Imagem: Shutterstock)

Os papéis com exposição à economia local se recuperaram nos últimos meses em meio a sinalizações do Banco Central (BC) de que o Brasil está perto de acabar com o ciclo de alta dos juros.

Bueno destaca que a Via está aproveitando a melhora generalizada do setor, mas ainda tem desafios – talvez até maiores que os rivais – pela frente.

A Via precisa lidar com o fato de que o Magazine Luiza está bem à frente no segmento de e-commerce, avalia o especialista da Nord.

“Estamos falando da pioneira de digitalização do varejo brasileiro. Tanto o e-commerce quanto o marketplace do Magazine Luiza continuam crescendo muito”, reforça.

Já a Americanas (AMER3), apesar dos resultados negativos, tem apresentado um forte crescimento no universo digital, criando um ecossistema cada vez mais robusto para brigar com os concorrentes. Bueno comenta ainda que, com Sergio Rial no comando, a companhia pode ver um avanço em seus serviços financeiros.

Para Galindo, da Quantzed, a discrepância que existia antigamente entre as operações de Magazine Luiza e Via diminuiu. A diferença é que a situação do balanço patrimonial da Via é “um pouco mais delicada”.

“Ela [Via] tem dificuldade maior em relação às outras, mas não será necessariamente a última a se beneficiar [da retomada]. Se ela conseguir melhorar ainda mais as operações e, dado o poder de escala que tem, não acho que vai ser a última. Ela pode se recuperar junto com as demais – talvez até surpreender todos”, afirma o analista.

O BB tem recomendação de compra para Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 5,60. A recomendação para Via é “neutra”.

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“Apesar de acreditarmos que suas ações também aproveitarão esse momento de melhores perspectivas para o varejo cíclico, ficamos mais cautelosos diante das dúvidas que pairam sobre o equilíbrio dos canais de vendas e o impacto disso na rentabilidade da companhia”, explica a instituição sobre a dona das Casas Bahia e Ponto. O preço-alvo sugerido é de R$ 4,70.

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