Comprar ou vender?

Com a reestruturação, Iguatemi está pronta para ir às compras

08 jun 2021, 20:22 - atualizado em 08 jun 2021, 20:36
Iguatemi
Para o Safra, mesmo que mesmo que a Iguatemi não tenha um longo histórico de grandes fusões e aquisições, a crise da Covid-19 pode trazer oportunidades de negócios (Imagem: Divulgação)

A Iguatemi (IGTA3) deu um passo importante para a sua reorganização societária: aprovou a incorporação da sua controladora, o Grupo Jereissati (JPSA3).

Com a notícia, as ações da Jereissati dispararam 12,22%, a R$ 35,81. Já a Iguatemi caiu 3,19%, a R$ 44,92.

A proposta sugere prêmio de 10% para as ações da Iguatemi em relação à sua média de preços dos últimos 30 dias, sendo que cada 7 ações ordinárias da Jereissati  serão convertidas em 1 unidade da “Nova Iguatemi ”.

O objetivo da reformulação é aumentar o poder de fogo da operadora de shoppings a fim de capitalizar as oportunidades de consolidação do mercado.

Além disso, a empresa deixará de ter ações listadas no Novo Mercado da B3 (B3SA3), segmento de mais alta governança corporativa, já que a nova companhia a ser formada terá units listadas no nível 1.

A companhia também anunciou que o conselho de administração aprovou início do processo de sucessão do atual presidente-executivo, Carlos Jereissati.

Para o seu lugar, o nome da atual vice-presidente financeira, Cristina Betts, foi indicado para ocupar a função a partir de 1 de janeiro de 2022.

Na visão do Safra, mesmo que a Iguatemi não tenha um longo histórico de grandes fusões e aquisições, a crise da Covid-19 pode trazer oportunidades de negócios interessantes para a empresa.

“O processo é um sinal claro de que a empresa está se antecipando ao mercado, ou mesmo se preparando para uma grande aquisição, que ainda é muito cedo para dizer”, afirma.

O Itaú BBA também argumenta que o anúncio será positivo, visto que oportunidades de fusões e aquisições provavelmente serão de acréscimo devido à escalabilidade operacional do setor.

Em relatório enviado a clientes, a Ágora classificou o acordo como estrategicamente “positivo e necessário, o que deve ajudar a Iguatemi a justificar o atual prêmio de avaliação sobre os pares”.

No próprio comunicado, a Iguatemi deixa claro que apesar da saída do segmento, continuará com as mesmas práticas corporativas (Imagem: Divulgação/Iguatemi Ribeirão Preto/Facebook)

Governança prejudicada?

O fato da empresa deixar o Novo Mercado preocupou parte dos analistas.

“Notamos que a estrutura complexa levará a um pedágio na governança corporativa, especialmente considerando que o grupo consolidado está listado no Novo Mercado da B3”, apontou o Itaú BBA.

No entanto, a Ágora diz que a saída dos padrões de governança do Novo Mercado da B3 é menos relevante nesta fase, pois a diluição do poder de voto dos minoritários não mudará o processo decisório existente nem o acionista controlador.

No próprio comunicado, a Iguatemi deixa claro que apesar da saída do segmento, continuará com as mesmas práticas corporativas.

“O fato da troca na listagem no Novo Mercado pelo Nível 1 da B3, que pode prejudicar a nota de governança da nova companhia na métrica ESG (Ambiental, Social e Governança), pode ser compensando com a possível redução de despesas operacionais e financeiras, que deve melhorar suas margens”, argumenta o analista Luis Sales da Guide.

Com Reuters