Com rally do arroz e trigo, Bank of America eleva preços de 2 ações; vale comprar?
O Bank of America atualizou o preço-alvo para as ações da M. Dias Branco (MDIA3) e Camil (CAML3) após os últimos resultados das empresas, assim como o rally nos preços do trigo e arroz.
Com isso, o preço-alvo de MDIA3 passou de R$ 37 para R$ 42, com recomendação neutra, enquanto o alvo para CAML3 saiu de R$ 8,30 para R$ 10, com recomendação de venda. As ações da MDIA3 e CAML3 fecharam com quedas de 2,07% e 6,8%, respectivamente.
Segundo o banco, ambas as empresas apresentam sólido impulso no curto prazo. Porém, os analistas acreditam que a recente alta nos preços do trigo representa risco de margem para a M Dias no 4T24, enquanto a Camil está ampliando suas novas divisões de negócios, principalmente de café.
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No entanto, o BofA mantém uma visão mais construtiva sobre M. Dias do que sobre Camil, principalmente porque a Camil superou M. Dias em 32% no acumulado do ano e está negociando com um desconto de 11% no EV/EBITDA (valor da firma sobre resultado operacional) a 5,6x no ano fiscal de 2025E contra 42% históricos.
Custos para M.Dias devem subir com alta do trigo
O banco comenta que os preços do trigo escalaram 20% nos últimos 3 meses, para UD$ 6,5 por bushel (+6% em um ano), dadas as preocupações renovadas de restrição de oferta na Rússia e na Ucrânia (14% da produção global / 31% do comércio global) e exportações indianas iminentes.
“A curva futura aponta para preços acima de US$ 7/bushel nos próximos 12 meses, o que combinado com um real mais fraco (depreciação de 8% no acumulado do ano), deve levar a custos mais elevados para a M. Dias no final de 2024 (assumindo que eles possuem estoques de trigo até o 3T24)”, veem Isabella Simonato e Julia Zaniolo, que assinam o relatório.
Neste cenário, o banco reforça sua recomendação neutra, já que reduziu a expectativa para o Ebitda da empresa em 9% para 2024, para compensar o primeiro trimestre mais fraco, e em 6% para 2025, devido aos preços mais altos do trigo.
“Prevemos um impulso sólido nos próximos trimestres, uma vez que os custos dos estoques de trigo estão baixos e os preços de venda estão em alta; mas as margens devem atingir o pico este ano”, avaliam.
Preços do arroz ajuda Camil, mas negócio cafeeiro pesa
Os preços do arroz subiram cerca de 50% em um ano, para cerca de R$ 115/saca, dada a menor oferta no Brasil nas últimas duas temporadas, em cerca de 10,5 milhões de toneladas, contra 11-12 milhões de toneladas potenciais.
“A Camil tem um negócio de repasse e por isso costuma aumentar os preços à medida que o custo do arroz aumenta. Como tal, os preços dos produtos de elevado volume de negócios subiram 25% em termos homólogos no último trimestre”, explicam.
Em função das enchentes no Rio Grande do Sul, há uma preocupação adicional com as perdas da safra atual, já que 17% das lavouras ainda precisam ser colhidas. Assim, com temores quanto as condições do solo nas próximas safras, o que deve fazer com que os preços sigam em patamares elevados nos próximos trimestres.
A partir deste quadro, dados os preços mais altos do arroz, o Bank of America elevou o Ebitda da Camil no fiscal de 2025 e 2026 em 4% e 5%, respectivamente. No entanto, há desafios relacionados ao crescimento do negócio cafeeiro, com esse impulso já precificado.