Com proibição de petróleo russo, Brasil e outros emergentes miram mercado europeu
Desde o último dia 5 de fevereiro, está vigente a proibição da União Europeia sobre o petróleo e derivados vindos da Rússia como resposta ao conflito que completou o seu primeiro ano de existência na sexta-feira passada.
Se, por um lado, a medida pode trazer mais riscos inflacionários ao continente, por outro, abre uma oportunidade “de ouro” para outros mercados produtores da commodity.
É o caso do próprio Brasil. O país está redirecionando parte de suas exportações de parceiros mais convencionais como Índia e China para os países da União Europeia.
É a fim de expandir a produção e a penetração no mercado europeu que a Petrobras (PETR4) anunciou planos para a exploração de quatros novos campos offshore ainda em 2023, capazes de adicionar uma capacidade de produção de 480.000 barris por dia a quota brasileira.
Além do mercado de energia fóssil, o Brasil está posicionado para expandir as exportações de etanol, que em 2022 podem ter atingido a marca recorde de 600 milhões de litros do biocombustível, conforme previsão da S&P no fim do ano passado.
O aumento da comercialização vem a reboque de uma maior demanda europeia por energia limpa, potencializada pela crise de preço do gás natural e das ações regulatórias para acelerar a transição energética dentro do bloco.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o Brasil e o grupo constituído por EUA, Canadá, Noruega e Guiana deverão atingir a produção recorde de 1,2 milhão de barris por dia em 2023.
Mercado “cinzento” é oportunidade para todos emergentes
Patrick Pouyanné, CEO da companhia francesa de energia TotalEnergies, disse ao portal OilPrices que “não há mais um mercado de petróleo unificado, de maneira que todas essas sanções criaram um mercado ‘cinzento'”.
Enquanto a perspectiva nebulosa sobre o mercado europeu de energia pode não ser o ideal para empresas como a própria TotalEnergies, que possui investimentos substanciais na Rússia, empresas de petróleo situadas em outras partes da América Latina, da África e no Oriente Médio estão bem colocadas para assumir os “espólios” da proibição.
Até o momento, o destaque entre os países emergentes é a Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo. Em 2022, o volume exportado para a Europa subiu de 4,6 milhões de toneladas em 2021 para 10,3 milhões em 2022, alta de 126%.
O óleo rico em diesel e com baixa quantidade de enxofre do país encontra os critérios da União Europeia para a importação do produto, manifestando-se no aumento vertiginoso da demanda.
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Outro destaque fica por conta da Guiana. O pequeno país fronteiriço com o Brasil imprime um crescimento impressionante na exploração de petróleo, aumentando em 164% a produção entre os anos de 2021 e 2022. Desse montante, 50% têm por destino a Europa.
De acordo com a consultoria Rystad Energy, a perspectiva futura para a Guiana é ainda mais “bullish”, de maneira que o atual ritmo de produção será aumentado para 830.000 barris por dia ao fim de 2023.