Com petróleo barato, refinarias chinesas vão às compras após queda de 20%
Uma repentina onda de compras de petróleo por refinarias independentes da China pegou tradings asiáticas de surpresa.
Após semanas de cortes da produção, adiamento de prazos e cancelamentos de cargas devido ao impacto cada vez maior do coronavírus na demanda por petróleo chinesa, empresas como Shandong Shouguang Luqing Petrochemical, Shandong Huifeng Petroleum Chemical e Sinochem Hongrun Petrochemical voltaram ao mercado em grande escala.
Todas são refinarias privadas, conhecidas como bules de chá, da província oriental de Shandong. Até recentemente, esse segmento parecia estar evitando comprar petróleo a todo custo, inclusive reduzindo as taxas de processamento.
Mas a Luqing comprou sete cargas da Rússia, Angola e Gabão para março e abril, enquanto a Sinochem Hongrun comprou um carregamento do Gabão e a Huifeng também buscava cargas à vista, segundo tradings com conhecimento do mercado.
A onda de compras pode ser um sinal de que essas refinarias privadas se preparam para uma possível recuperação da demanda, aproveitando a queda dos preços do petróleo para comprar barato, de acordo com as pessoas.
O momento da recuperação da demanda por petróleo da China que, segundo algumas estimativas, caiu em 20% por causa do vírus, é objeto de grande especulação no mercado, porque uma aposta acertada poderia ser muito rentável.
A Luqing comprou petróleo ESPO, Gindungo e Oguendjo no mercado à vista esta semana, disseram operadores que não quiseram ser identificados.
A Hongrun comprou o Mandji, enquanto ofertas disponíveis de outros tipos de petróleo, como de Lula e Johan Sverdrup, também foram oferecidas e podem ter sido negociadas. Empresas de trading internacional estavam entre os vendedores.
Nenhum representante respondeu às ligações ou respondeu aos e-mails enviados para a Luqing e Huifeng, enquanto a Hongrun não quis comentar quando contatada por telefone.
Os prêmios à vista para o petróleo entregue em Shandong caíram mais de 50% em relação à referência global Brent desde que o mercado começou a tomar conhecimento do surto em meados de janeiro, segundo a consultoria IHS Markit Ltd.
As tradings ainda não sabem se as compras dos bules sinalizam uma recuperação da demanda chinesa por petróleo, já que muitas refinarias do país ainda operam com taxas operacionais reduzidas e as restrições de viagens diminuem o consumo de combustíveis.
Algumas refinarias privadas também estão muito endividadas, pesando sobre a credibilidade e dificultando as operações.