Com ou sem Latam, apetite por aquisições anima e Azul dispara 5,6%; Gol também sobe
A negativa do CEO da Latam no Brasil, Roberto Alvo, em relação à possível fusão entre a companhia e a Azul (AZUL4) não foi suficiente para brecar o otimismo dos mercados em vista de possíveis fusões e aquisições no setor.
As ações da Azul fecharam em alta de 5,57%, a R$ 47,20. Já a sua rival Gol (GOLL4) também subiu, a 3,93%, negociada a R$ 27,52.
Mas cedo, entrevista à Bloomberg, o CEO afirmou que busca evitar uma oferta da rival Azul e que a operação brasileira da companhia aérea não está à venda.
Mesmo assim, fonte disseram à agência que uma proposta da Azul não está descartada. O plano é apresentar uma oferta diretamente aos credores latino-americanos da empresa, segundo uma pessoa a par do assunto.
A Azul teria apresentado sem sucesso a ideia de comprar a rede do Brasil a executivos da Latam, de acordo com a pessoa.
Pela a proposta, a Latam, maior companhia aérea da América Latina, poderia focar em outras partes da região e manter o acesso à rede de rotas no Brasil, disse a fonte.
“Não estamos considerando, de nenhuma maneira ou forma, a venda de qualquer um de nossos ativos neste momento”, disse Alvo na quarta-feira. “Consideramos isso mais um sinal de preocupação da Azul, pois entendem que seremos um concorrente muito desafiador” após sair da recuperação judicial, disse.
Manter o Brasil em sua rede é parte fundamental da estratégia da Latam no futuro, disse Alvo.
O país tem potencial de crescimento “enorme”, e a Latam “será um competidor muito agressivo e eficaz” assim que a demanda por viagens se recuperar, afirmou.
Credores podem forçar acordo
A pressão dos credores da Latam, que enfrenta um processo de recuperação judicial há mais de um ano, pode ser decisiva para que a Azul alcance seu objetivo de comprar as operações da rival no Brasil.
A avaliação é da Ágora Investimentos. Em um breve comentário sobre o assunto, em relatório enviado nesta manhã (07) aos clientes, Victor Mizusaki e Wellington Lourenço afirmam que “os credores da Latam podem solicitar que esta alternativa seja incorporada ao plano de reestruturação a ser apresentado no processo de recuperação judicial até 30 de junho e votado até 23 de agosto.”
Os analistas acrescentam que “a probabilidade de a fusão acontecer é muito provável.”
Fusões e aquisições são inevitáveis
A pandemia da Covid pode provocar uma onda de fusões e aquisições no setor aéreo na América Latina, apontou o presidente da International Air Transport Association (IATA) para as Américas, Peter Cerdá.
Segundo ele, os movimentos de consolidação na região devem crescer no cenário pós-COVID e as discussões em curso entre Azul e Latam são um exemplo disso.
Para Cerdá, faltou um auxílio maior por parte dos governos na região, diferente de outros lugares, como nos Estados Unidos e na Europa. Com isso, as empresas estão endividadas, o que facilita possíveis negociações.
Na visão do BTG Pactual, outras negociações, além das em andamento entre Latam e Azul, devem acontecer em breve, acelerando a onda de consolidação no Brasil.
“No caso da Latam e Azul, acreditamos que o cenário Covid, juntamente com o processo da Latam, criou uma oportunidade para ambas as empresas discutirem alternativas de consolidação, embora seja muito cedo para tirar quaisquer conclusões”, argumenta.