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Com ou sem chuva no final de maio, safras terão quebras; cana até 30% em produtividade

05 maio 2021, 10:32 - atualizado em 05 maio 2021, 11:34
Cana está entre as culturas que mais deverá perder produtividade com a seca (Imagem: Victoria Priessnitz)

O professor Paulo Sentelhas, titular de Agrometeorologia da Esalq/USP, costuma ser mais cauteloso que os meteorologistas profissionais quando de diagnósticos acima de 10, 15 dias. Feita a advertência, ele diz que há possibilidades de chuvas do Paraná para cima apenas no final de maio, começo de junho.

Até lá, com chuva ou sem chuva, todas as culturas anuais, perenes e semi-perenes deverão sofrer severas perdas de produtividade, pressionando os volumes esperados das safras.

As chuvas praticamente cessaram em março e abril não deram as caras. Com isso, a retenção hídrica dos solos, melhorada de dezembro a fevereiro – “mas com algumas regiões sob irregularidade e volumes menores” -, se esgotou. Depois de um segundo semestre de 2020 que já havia secado as reservas.

Entre as culturas mais prejudicadas no Sudeste, pelo grau de importância, a principal é cana. “Embora em alguns lugares a perda de produtividade será de 5%, em uma porção muito grande de lavouras alcançará até 30%”, afirma o professor.

Em plena safra recém iniciada, as perdas médias de produção, segundo análises do mercado sucroenergético, vão de 6% a 10%.

Café e laranja estão com reduções drásticas previstas, especialmente o primeiro que começa a ser colhido agora, enquanto o segundo já saiu de uma safra de quebra e deverá partir para próxima em situação semelhante.

Para as regiões do Centro-Oeste, onde prevalece nesse período o milho de inverno – além de um pouco de cana no Sul de Goiás e no Mato Grosso do Sul -, o cenário é preocupante.

O grão é a segunda principal commodity brasileira em produção e os preços, adicionado ao plantio nos Estados Unidos, já embutem o volume menor brasileiro.

Sobre os mapas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, da sigla em inglês), base, inclusive, para projeções de institutos meteorológicos nacionais, o professor Sentelhas vê apenas o Sul do País não sendo prejudicado pelo bloqueio atmosférico que impede a chegada de frentes frias, como no Sudeste e Centro-Oeste.

O Rio Grande do Sul terá bons volumes de chuvas, mesmo porque o outono e invernos costumam ser mais chuvosos que a estiagem tradicional do Brasil acima.

E da região de Cascavel, no Oeste do Paraná, ao Mato Grosso do Sul, também as condições são semelhantes às vistas para o Sudeste.

Se o Noaa estiver certo, um pouco de água só para final de maio.