Com open banking, bancões têm desafio de entender novas demandas de consumidores
Por Paula Salati/Investing.com
Atualização tecnológica, gestão de riscos e entender as novas demandas dos clientes são alguns dos desafios que o open banking trará para os grandes bancos, segundo o diretor Geral do Itaú Unibanco (TUB4) Holding, Márcio de Andrade Schettini.
Em um evento promovido pelo Focaccia, Amaral e Lamonica Sociedade de Advogados (FAS Advogados), nesta manhã em São Paulo, Schettini ressaltou que os bancos precisam se atualizar tecnologicamente não somente para serem provedores de informações e APIs, como também para serem fornecedores de novos serviços e soluções.
“Precisamos entender qual é a necessidade, de fato, do nosso cliente. Porque nós não estamos vendo todo esse esforço do Banco Central [BC] à toa. No final da linha, nós temos um cliente que tem demandas muito mais sofisticadas.
Precisamos nos atualizar nesse sentido e garantir que essas demandas serão atendidas”, afirmou Schettini. “Também é necessário entender o que significa trabalhar neste novo ambiente, com novos stakeholders e mais parceiros. Eles, provavelmente, somarão à nossa capacidade de fazer negócios”, acrescentou.
Segundo Schettini, esse cenário colocará ainda aos bancos um novo arcabouço de gestão de riscos. “Mas os bancos aqui no Brasil já passaram muito por desafios como esses e são totalmente capazes de lidar com isso”.
Ele lembrou sobre o boom do setor de telecomunicações no final dos anos 1990 e a ascensão das empresas de internet no inícios dos anos 2000.
“Havia um receio de que o setor financeiro seria ocupado em larga escala pelas empresas de telecomunicações. Mas, no fim, o que vimos foi uma aproximação entre os dois setores. Com relação às empresas de internet, o que aconteceu foi que os bancos se tornaram empresas de internet”, destacou.
Discussão ultrapassada
A diretora Jurídica da Visa para Brasil e Região Andina, Maria Beatriz Pellegrino, disse que a discussão se o open banking é ou não uma ameaça aos grandes players do sistema financeiro já é algo ultrapassado. “Nós já estamos vendo isso como uma tendência do mercado”, destacou Pellegrino.
Para ela, os bancos terão que trabalhar mais agora na experiência do usuário e criar novos serviços e opções para os clientes. “É uma oportunidade de crescimento”, acrescentou. Na visão dela, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) trouxe mais credibilidade e segurança jurídica para o processo do open banking no Brasil.
Apesar de avaliar que o consumidor brasileiro é muito aberto às mudanças, a diretora jurídica da Visa entende que ele precisa confiar no sistema, saber com quem reclamar quando tiver um problema, por exemplo, e ter melhores e mais opções de serviços em troca da oferta dos seus dados.
O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, também esteve presente no debate, lembrando que um dos primeiros passos na formatação do open banking foi dado na semana passada (28/11) com a abertura da consulta pública aos participantes do mercado.
A consulta tem o objetivo de recolher opiniões dos diferentes agentes do setor para viabilizar a plataforma de dados e serviços financeiros (open banking).
O debate ficará aberto até o dia 31 de janeiro de 2020.“A partir dessa interação com os players do mercado, temos o objetivo de produzir um sistema bancário mais aberto que entregue produtos financeiros melhores e mais baratos”, diz Mello.