Internacional

Com Olimpíada impopular e Covid-19, premiê japonês Suga pode ter mandato curto

16 jul 2021, 11:49 - atualizado em 16 jul 2021, 11:49
Yoshihide Suga
Suga, de 72 anos, braço direito do ex-premiê Shinzo Abe durante muito tempo, viu seu apoio cair dos cerca de 70% que tinha ao tomar posse, em setembro (Imagem: REUTERS/Issei Kato/Pool)

Acuado por um número crescente de casos de coronavírus e uma Olimpíada profundamente impopular, o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, corre o risco de ser o próximo de uma lista longa de líderes de mandatos curtos.

Suga, de 72 anos, braço direito do ex-premiê Shinzo Abe durante muito tempo, viu seu apoio cair dos cerca de 70% que tinha ao tomar posse, em setembro, para meros 30% –índice considerado tradicionalmente uma linha de perigo para os líderes japoneses.

Suga assumiu depois que Abe, citando problemas de saúde, encerrou um período que durou quase oito anos e fez dele o premiê japonês por mais tempo no cargo.

Antes disso, o país teve seis premiês em número igual de anos, incluindo o primeiro mandato problemático do próprio Abe.

O cenário ideal para Suga é conter o surto do vírus, realizar uma Olimpíada bem-sucedida e convocar uma eleição geral –o que está ameaçado desde que uma disparada recente de infecções de Covid-19 levou a um quarto estado de emergência em Tóquio e obrigou os organizadores dos Jogos a proibirem espectadores em quase todos os locais de competição.

“Ele não está fazendo um bom trabalho no comando do partido e das políticas, e ninguém gosta de ele estar no poder”, disse Steven Reed, professor emérito da Universidade Chuo. “Tudo que precisam é de uma alternativa.”

As infecções novas em Tóquio atingiram uma alta de quase seis meses ao chegarem a 1.308 na quinta-feira, e especialistas médicos acionaram o alarme.

As restrições essencialmente voluntárias do país não estão contendo a circulação de pessoas, que pode provocar contágios.

Os esforços do ministro da Economia, Yasutoshi Nishimura, para impedir que bares e restaurantes sirvam álcool como parte das medidas anti-Covid-19 saiu pela culatra e causou uma revolta pública.

Nishimura, o indicado de Suga para a reação pandêmica, foi obrigado a pedir desculpas e descartar pedidos para que os bancos pressionem estabelecimentos que não cumpriram a proibição de álcool e para que atacadistas de bebidas não abasteçam estes comércios.

A campanha de vacinação japonesa, lenta no início, agora enfrenta gargalos de suprimento, o que aumenta a insatisfação.

Para o Partido Liberal Democrático (PLD) de Suga, seu maior fracasso é a incapacidade de vencer eleições. O PLD perdeu três eleições parlamentares extraordinárias desde abril, e neste mês a sigla e seus aliados ficaram aquém de uma maioria na assembleia de Tóquio.

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