A nova cartada do governo para baixar o preço da gasolina; analista questiona eficácia de medida

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo deve aumentar o percentual de etanol anidro na gasolina para 30% ainda em 2025 — atualmente, o percentual é de 27,5%. A declaração do ministro ocorreu em evento realizado em Brasília nesta segunda-feira (17).
Silveira ressaltou que o aumento da mistura, chamada de E30, deve baratear a gasolina vendida aos consumidores.
“O preço da gasolina na bomba vai cair. Vamos nos livrar das amarras do preço de paridade internacional. O preço da gasolina será definido pela competitividade interna”, disse.
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Para Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, alguns fatores precisam ser levados em consideração sobre eventual impacto nos preços. Para Garcia, a medida pode baratear a gasolina C (com mistura de etanol), mas o impacto é reduzido, já que o E30 altera apenas 3% da composição atual.
“Vale destacar também, que uma mudança de menor proporção pode ser potencialmente absorvida ao longo da cadeia e não repassada para os consumidores finais”, disse a analista.
E30 e a redução da importação de gasolina
Silveira ainda afirmou que o aumento da mistura também deve tornar o Brasil mais independente das importações de gasolina.
“Ampliação para o E30 trará vários benefícios para o país. Nos tornaremos independentes da importação da gasolina, algo que não ocorria desde 2010. Este é um ganho incalculável para a soberania nacional e uma contribuição direta para a nossa balança comercial”, disse Silveira.
Segundo o executivo, além de eliminar o déficit comercial, o Brasil será capaz de exportar gasolina. O ministro ainda destacou que o Brasil está pronto para receber a COP30, apresentando uma das melhores matrizes energéticas do mundo.
“Os biocombustíveis são para nós o que o petróleo é para a Arábia Saudita”, afirmou o ministro.
Sobre as importações, a analista da StoneX ressaltou que a importação de gasolina A (sem mistura) é necessária para atender a demanda interna, mas que a exposição depende da dinâmica de consumo entre gasolina C e etanol hidratado. Para 2025, a perspectiva é de que as importações cresçam, porém, o cenário pode mudar com o E30.
“Em caso de uma mudança de mistura para E30 ainda em abril, o impacto pode ser de uma demanda adicional de até 1,04 bilhão de litros de etanol anidro, diminuindo o déficit do mercado interno da gasolina A e podendo reduzir a necessidade de importação”, disse Garcia.
Testes sobre o aumento da mistura do etanol na gasolina
O Ministério de Minas e Energia (MME) contou com o apoio do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) para a realização de estudos de viabilidade técnica da mistura do etanol na gasolina. Em evento nesta segunda-feira (17), a pasta apresentou os resultados para outros membros do governo.
Os testes foram realizados com carros e motos, com motores flex ou que consomem apenas gasolina, fabricados entre 1994 e 2024 em diferentes ensaios. O objetivo foi identificar as respostas dos veículos à nova mistura de gasolina, avaliando partidas frias, quentes e emissões de gases.
De acordo com Luana Camargos, coordenadora do núcleo de certificações do IMT, a análise não identificou elementos que possam afetar a dirigibilidade do motorista. Também não houve alteração relevante em relação às emissões e consumo de gás carbônico.
O evento ainda contou com a participação de parlamentares e representantes de instituições do setor, como a Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea); a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA); e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
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