Combustíveis

A nova cartada do governo para baixar o preço da gasolina; analista questiona eficácia de medida

17 mar 2025, 17:26 - atualizado em 17 mar 2025, 17:52
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(Imagem: REUTERS/ Adriano Machado)

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo deve aumentar o percentual de etanol anidro na gasolina para 30% ainda em 2025 — atualmente, o percentual é de 27,5%. A declaração do ministro ocorreu em evento realizado em Brasília nesta segunda-feira (17).

Silveira ressaltou que o aumento da mistura, chamada de E30, deve baratear a gasolina vendida aos consumidores.

“O preço da gasolina na bomba vai cair. Vamos nos livrar das amarras do preço de paridade internacional. O preço da gasolina será definido pela competitividade interna”, disse.

Para Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, alguns fatores precisam ser levados em consideração sobre eventual impacto nos preços. Para Garcia, a medida pode baratear a gasolina C (com mistura de etanol), mas o impacto é reduzido, já que o E30 altera apenas 3% da composição atual.

“Vale destacar também, que uma mudança de menor proporção pode ser potencialmente absorvida ao longo da cadeia e não repassada para os consumidores finais”, disse a analista.

E30 e a redução da importação de gasolina

Silveira ainda afirmou que o aumento da mistura também deve tornar o Brasil mais independente das importações de gasolina.

“Ampliação para o E30 trará vários benefícios para o país. Nos tornaremos independentes da importação da gasolina, algo que não ocorria desde 2010. Este é um ganho incalculável para a soberania nacional e uma contribuição direta para a nossa balança comercial”, disse Silveira.

Segundo o executivo, além de eliminar o déficit comercial, o Brasil será capaz de exportar gasolina. O ministro ainda destacou que o Brasil está pronto para receber a COP30, apresentando uma das melhores matrizes energéticas do mundo.

“Os biocombustíveis são para nós o que o petróleo é para a Arábia Saudita”, afirmou o ministro.

Sobre as importações, a analista da StoneX ressaltou que a importação de gasolina A (sem mistura) é necessária para atender a demanda interna, mas que a exposição depende da dinâmica de consumo entre gasolina C e etanol hidratado. Para 2025, a perspectiva é de que as importações cresçam, porém, o cenário pode mudar com o E30.

“Em caso de uma mudança de mistura para E30 ainda em abril, o impacto pode ser de uma demanda adicional de até 1,04 bilhão de litros de etanol anidro, diminuindo o déficit do mercado interno da gasolina A e podendo reduzir a necessidade de importação”, disse Garcia.

Testes sobre o aumento da mistura do etanol na gasolina

O Ministério de Minas e Energia (MME) contou com o apoio do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) para a realização de estudos de viabilidade técnica da mistura do etanol na gasolina. Em evento nesta segunda-feira (17), a pasta apresentou os resultados para outros membros do governo.

Os testes foram realizados com carros e motos, com motores flex ou que consomem apenas gasolina, fabricados entre 1994 e 2024 em diferentes ensaios. O objetivo foi identificar as respostas dos veículos à nova mistura de gasolina, avaliando partidas frias, quentes e emissões de gases.

De acordo com Luana Camargos, coordenadora do núcleo de certificações do IMT, a análise não identificou elementos que possam afetar a dirigibilidade do motorista. Também não houve alteração relevante em relação às emissões e consumo de gás carbônico.

O evento ainda contou com a participação de parlamentares e representantes de instituições do setor, como a Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea); a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA); e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
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