Com nova oferta de ações, Lojas Renner pode comprar rival
A realização de uma oferta de ações pela Lojas Renner (LREN3) é uma boa notícia para as demais empresas do setor de varejo de moda, afirmou a Guide Investimentos.
A companhia gaúcha anunciou a realização de uma oferta primária de ações com esforços restritos de até 137,7 milhões de papéis. A operação prevê a distribuição inicial de 102 milhões de ações e um lote adicional de 35,7 milhões de papéis.
Considerando o preço de fechamento das ações na sexta-feira (R$ 46,90), a oferta pode movimentar até R$ 6,4 bilhões, levando em consideração o lote adicional.
Em fato relevante divulgado ao mercado, a Lojas Renner disse que os recursos captados na operação serão destinados ao desenvolvimento e fortalecimento do ecossistema de moda e lifestyle da companhia por meio de iniciativas orgânicas e/ou inorgânicas. Na visão dos analistas do mercado, a notícia é positiva, pois quer dizer que a empresa não descarta a possibilidade de realizar M&As (fusões e aquisições).
“Vemos a notícia como positiva para as outras companhias do setor de varejo, como C&A (CEAB3), Marisa (AMAR3), Hering (HGTX3) e outras que possam entrar no radar de aquisição da Lojas Renner”, disse Luis Sales, autor do relatório divulgado pela Guide nesta segunda-feira.
Segundo o analista, a C&A deve ser o principal alvo da Lojas Renner, visto que surgiram recentemente rumores sobre uma possível venda do controle da empresa.
Essa é a mesma opinião de Max Bohm, sócio e analista da Empiricus.
“A C&A sempre foi vista como um importante alvo de aquisição. É mais provável do que a Marisa”, disse, em comentário publicado em seu Instagram.
Lojas Renner e C&A?
A XP Investimentos, que também avalia a C&A como a candidata mais provável para aquisição, enxerga um potencial estratégico positivo em uma combinação de negócios entre as empresas rivais.
Segundo a corretora, além de atender o mesmo público que a Lojas Renner (classes A-, B e C+), a C&A conta com duas grandes fortalezas: sua força em seguir novas tendências e a atuação no meio digital, por meio do marketplace Galeria C&A e do social commerce.
“Nesse sentido, destacamos a campanha da companhia junto ao BBB, com passarelas digitais e vitrines de fácil acesso aos consumidores como iniciativas que demonstram sua força em seguir novas tendências não só de moda, mas de consumo de um modo geral”, afirmaram Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas de Varejo da XP.
Outro ponto interessante que pode surgir nessa possível combinação de negócios é que a Lojas Renner pode preencher a principal lacuna da C&A, que é a melhora da operação logística.
Sobre outras empresas do setor, como Marisa e Le Lis Blanc, marca da Restoque (LLIS3), a XP vê desafios para uma potencial integração da Lojas Renner com esses nomes. Além de atenderem públicos diferentes, as duas companhias passam por um período de reestruturação das operações.
“Acreditamos que essas potenciais transações demandariam maior dedicação por parte da Lojas Renner, o que pode tirar o foco do seu planejamento estratégico de estruturar o seu ecossistema”, avaliaram Eiger, Suedt e Senday.