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Circle (CRCL) já vale quase um Nubank (NU) e pode gerar receita de mais de US$ 9 bilhões com stablecoin, diz relatório

24 jun 2025, 11:30 - atualizado em 24 jun 2025, 11:30
Circle (CRCL), emissora da stablecoin USD Coin (USDC), com capital aberto na bolsa de Nova York. (Imagem divulgação)
Circle (CRCL), emissora da stablecoin USD Coin (USDC), com capital aberto na bolsa de Nova York. (Imagem divulgação)

A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Circle (CRCL) foi considerada um sucesso, com uma alta de mais de 700% desde a estreia dos papeis na Bolsa de Nova York (NYSE) no início de junho. 

E um relatório da Coin Metrics apresentou dados que mostram o porquê desse apetite dos investidores pela emissora da segunda maior stablecoin do mundo, a USD Coin (USDC)

O estudo leva em conta a receita bruta de US$ 1,67 bilhão e o lucro líquido de US$ 157 milhões da Circle em 2024. Com isso, as ações CRCL estão atualmente sendo negociadas a cerca de 37 vezes a receita (P/S) e cerca de 401 vezes o lucro líquido (P/L).

“Esses múltiplos excedem em muito os de fintechs comparáveis como Nubank (cerca de 27x), a Robinhood (cerca de 45x) e até mesmo a Coinbase (cerca de 57x), que possuem fluxos de receita mais diversificados e margens mais altas”, diz o relatório.

Vale dizer que o valor de mercado da Circle é de pouco mais de US$ 60 bilhões, enquanto o Nubank vale US$ 62,1 bilhões. Já Robinhood e Coinbase, R$ 70 bilhões e 84 bilhões, respectivamente. 

Esses múltiplos altos não necessariamente são uma boa notícia para o investidor, já que indicam que a ação pode estar cara.

Além disso, o relatório traz uma análise — e projeções — de como a Circle consegue recursos com a emissão da stablecoin, que hoje representa quase 25% do mercado. 

Circle, stablecoins — e a Coinbase

Vale dizer que a Circle obtém praticamente toda a sua receita a partir do rendimento de juros sobre as reservas em dólares de USDC. Esse dinheiro está em bancos e no fundo BlackRock Circle Reserve Fund, que investe em títulos do Tesouro norte-americanos de curto prazo. 

Assim, a Circle gerou US$ 1,6 bilhão em receita bruta sobre US$ 44 bilhões em reservas no final de 2024, implicando um rendimento efetivo da reserva de cerca de 3,6%.

No entanto, após pagar mais de US$ 900 milhões em custos de distribuição da sua stablecoin — principalmente para a Coinbase —, a Circle reteve US$ 768 milhões em receitas líquidas de USDC.

Ou seja, apesar da Circle ser a única emissora da USDC, ela não fica com a receita integral vinda da stablecoin. Com participação acionária e um acordo de divisão de receita, a Coinbase ganha:

  • 100% da receita de juros sobre o USDC mantido em produtos da Coinbase;
  • 50% da receita de juros sobre o USDC mantido em outros locais.

No fim, com base nos modelos estabelecidos pela Coin Metrics, o potencial de receita de longo prazo tanto para a Circle quanto para a Coinbase está fortemente ligado ao aumento da oferta de USDC e à manutenção da participação de mercado.

Até o final de 2025, a receita total proveniente das reservas de USDC poderá atingir US$ 2,44 bilhões, sendo US$ 1,5 bilhão para a Coinbase e US$ 940 milhões para a Circle.

Se a dinâmica atual se mantiver, esses valores poderão subir para US$ 9,15 bilhões até 2029, com US$ 5,99 bilhões para a Coinbase e US$ 3,16 bilhões para a Circle.

“É importante notar que essas estimativas se concentram apenas na receita da reserva de USDC, que constitui a maior parte da receita da Circle. Elas não incluem o potencial de crescimento de novas linhas de negócios, como a Circle Payments Network, que pode desempenhar um papel cada vez mais importante na diversificação das receitas futuras”, dizem os analistas.

O outro lado da (cripto)moeda

Apesar das perspectivas positivas para a Circle, os analistas da Coin Metrics entendem que existem alguns fatores que podem limitar o forte desempenho da empresa. 

Naturalmente, manter a USDC como a segunda maior stablecoin do mercado é o pilar desse bom desempenho.

A aprovação do Senado dos Estados Unidos da Lei Genius, que regula o setor de emissão de “dólares tokenizados”, é um dos fatores que pode ajudar ainda mais a Circle. 

“Os principais riscos para a Circle incluem a forte dependência da receita de juros, que poderia ser comprimida se as taxas de juros dos EUA caírem, e o aumento da concorrência de bancos e fintechs, já que o Genius Act abre caminho para mais emissores de stablecoins regulamentados com modelos de negócios semelhantes”, concluem. 

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É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
renan.sousa@moneytimes.com.br
É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.

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