Circle (CRCL) já vale quase um Nubank (NU) e pode gerar receita de mais de US$ 9 bilhões com stablecoin, diz relatório

A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Circle (CRCL) foi considerada um sucesso, com uma alta de mais de 700% desde a estreia dos papeis na Bolsa de Nova York (NYSE) no início de junho.
E um relatório da Coin Metrics apresentou dados que mostram o porquê desse apetite dos investidores pela emissora da segunda maior stablecoin do mundo, a USD Coin (USDC).
O estudo leva em conta a receita bruta de US$ 1,67 bilhão e o lucro líquido de US$ 157 milhões da Circle em 2024. Com isso, as ações CRCL estão atualmente sendo negociadas a cerca de 37 vezes a receita (P/S) e cerca de 401 vezes o lucro líquido (P/L).
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“Esses múltiplos excedem em muito os de fintechs comparáveis como Nubank (cerca de 27x), a Robinhood (cerca de 45x) e até mesmo a Coinbase (cerca de 57x), que possuem fluxos de receita mais diversificados e margens mais altas”, diz o relatório.
Vale dizer que o valor de mercado da Circle é de pouco mais de US$ 60 bilhões, enquanto o Nubank vale US$ 62,1 bilhões. Já Robinhood e Coinbase, R$ 70 bilhões e 84 bilhões, respectivamente.
Esses múltiplos altos não necessariamente são uma boa notícia para o investidor, já que indicam que a ação pode estar cara.
Além disso, o relatório traz uma análise — e projeções — de como a Circle consegue recursos com a emissão da stablecoin, que hoje representa quase 25% do mercado.
Circle, stablecoins — e a Coinbase
Vale dizer que a Circle obtém praticamente toda a sua receita a partir do rendimento de juros sobre as reservas em dólares de USDC. Esse dinheiro está em bancos e no fundo BlackRock Circle Reserve Fund, que investe em títulos do Tesouro norte-americanos de curto prazo.
Assim, a Circle gerou US$ 1,6 bilhão em receita bruta sobre US$ 44 bilhões em reservas no final de 2024, implicando um rendimento efetivo da reserva de cerca de 3,6%.
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No entanto, após pagar mais de US$ 900 milhões em custos de distribuição da sua stablecoin — principalmente para a Coinbase —, a Circle reteve US$ 768 milhões em receitas líquidas de USDC.
Ou seja, apesar da Circle ser a única emissora da USDC, ela não fica com a receita integral vinda da stablecoin. Com participação acionária e um acordo de divisão de receita, a Coinbase ganha:
- 100% da receita de juros sobre o USDC mantido em produtos da Coinbase;
- 50% da receita de juros sobre o USDC mantido em outros locais.
No fim, com base nos modelos estabelecidos pela Coin Metrics, o potencial de receita de longo prazo tanto para a Circle quanto para a Coinbase está fortemente ligado ao aumento da oferta de USDC e à manutenção da participação de mercado.
Até o final de 2025, a receita total proveniente das reservas de USDC poderá atingir US$ 2,44 bilhões, sendo US$ 1,5 bilhão para a Coinbase e US$ 940 milhões para a Circle.
Se a dinâmica atual se mantiver, esses valores poderão subir para US$ 9,15 bilhões até 2029, com US$ 5,99 bilhões para a Coinbase e US$ 3,16 bilhões para a Circle.
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“É importante notar que essas estimativas se concentram apenas na receita da reserva de USDC, que constitui a maior parte da receita da Circle. Elas não incluem o potencial de crescimento de novas linhas de negócios, como a Circle Payments Network, que pode desempenhar um papel cada vez mais importante na diversificação das receitas futuras”, dizem os analistas.
O outro lado da (cripto)moeda
Apesar das perspectivas positivas para a Circle, os analistas da Coin Metrics entendem que existem alguns fatores que podem limitar o forte desempenho da empresa.
Naturalmente, manter a USDC como a segunda maior stablecoin do mercado é o pilar desse bom desempenho.
A aprovação do Senado dos Estados Unidos da Lei Genius, que regula o setor de emissão de “dólares tokenizados”, é um dos fatores que pode ajudar ainda mais a Circle.
“Os principais riscos para a Circle incluem a forte dependência da receita de juros, que poderia ser comprimida se as taxas de juros dos EUA caírem, e o aumento da concorrência de bancos e fintechs, já que o Genius Act abre caminho para mais emissores de stablecoins regulamentados com modelos de negócios semelhantes”, concluem.