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Com Marfrig (MRFG3) assumindo conselho, como será o “novo capítulo” da história da BRF (BRFS3)?

30 mar 2022, 19:59 - atualizado em 30 mar 2022, 19:59
BRF
(Imagem: REUTERS/Rodolfo Buhrer)

A BRF (BRFS3) iniciou um “novo capítulo” de sua história com a mais recente mudança no conselho de administração, diz o BTG Pactual (BPAC11).

No início da semana, a Marfrig (MRFG3), que detém 33% de participação na BRF, passou a assumir o colegiado, com o fundador Marcos Molina sendo eleito presidente do conselho e obtendo a aprovação de toda a chapa proposta. Sergio Rial, atual presidente do conselho do Santander Brasil (SANB11), foi eleito vice-presidente.

A eleição da chapa ocorreu após a Marfrig e o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), segundo maior acionista da BRF, chegarem a um acordo.

Aldo Luiz Mendes, ex-diretor do Banco Central, foi incorporado à chapa da Marfrig e o sistema de voto múltiplo originalmente requisitado pelo Previ não foi adotado.

Pela leitura do BTG, o acordo mostra um alinhamento maior entre os dois maiores acionistas da BRF, o que é positivo.

Além disso, a mudança no comando do conselho também pode dar à Marfrig o direito de consolidar o balanço patrimonial da BRF, apesar da fatia de apenas 33% detida na companhia, acrescenta o banco.

Uma nova BRF?

O BTG destaca a força dos nomes do novo colegiado, com representantes de forte expertise da indústria.

A instituição diz que o completo alinhamento com o novo acionista de referência da BRF é algo que “sempre esperamos ver”.

“Desde sua criação, a BRF enfrentou diversas mudanças estratégicas, incluindo tensão contínua entre principais grupos de acionistas. Tendo uma clara direção estratégica de longo prazo para uma companhia que lida com uma cadeia de produção tão longa e integrada, pressões competitivas maciças e um balanço ainda relativamente alavancado é algo a ser celebrado”, comentam os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustoli, em relatório divulgado nesta terça-feira (29).

O BTG reconhece que a BRF encontrou um ambiente mais estável desde o conselho anterior e com a atual equipe de administração. No entanto, o banco acha que a companhia nunca chegou a explorar todo o seu potencial.

“Agora que a Marfrig não será mais um investidor apenas passivo (algo que sempre acreditamos que aconteceria), a questão é quão profundas serão as mudanças”, afirma o banco.

De acordo com o BTG, se a Marfrig conseguir consolidar o balanço da BRF, um cenário de curto prazo com a combinação de negócios das duas empresas parece menos plausível – até porque permanece incerto se os acionistas controladores da Marfrig estariam dispostos a ter seu poder de controle diluído para tornar a fusão possível.

O Itaú BBA compartilha uma opinião parecida com a do BTG. Analistas da instituição veem no novo conselho uma indicação de que existe um alinhamento no processo de decisões da BRF daqui para frente.

O BTG tem recomendação “neutra” para Marfrig e BRF, embora veja uma mudança mais clara no ciclo de proteína, favorecendo carne de aves em detrimento da carne bovina dos Estados Unidos já no segundo semestre de 2022.

O BBA tem recomendação de market perform (desempenho esperado em linha com o mercado) e preço justo de R$ 24 para a BRF.

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