Com Landau e Arida, fundo bate rivais na escalada do petróleo

O fundo Vista Macro emergiu como um grande vencedor da alta do petróleo e da queda brutal nos preços do minério de ferro.

O Vista Macro Master, com R$ 2,3 bilhões sob gestão, subiu cerca de 66% em moeda local neste ano, o melhor desempenho entre mais de 200 fundos multimercados similares monitorados pela Bloomberg.

A média dos pares foi de uma alta de 6% no período, enquanto o CDI avançou 3%. Os retornos de fundos “master” não incluem a maior parte das tarifas.

Globalmente, o índice de “hedge funds” Bloomberg All Hedge Index sobe 9% no mesmo período.

A montanha-russa das commodities jogou a favor do Vista, que apostou na alta do petróleo e do urânio e contra metais como minério de ferro e cobre, de acordo com as cartas mensais do fundo.

As estratégias ao longo do ano incluíram posições vendidas em ações de mineradoras, como as da Vale SA, a segunda maior produtora de minério de ferro do mundo. O fundo também apostou em produtores de xisto dos EUA e em empresas globais de petróleo.

O fundo Vista começou a apostar na alta do petróleo há mais de três anos e espera que os preços continuem subindo, com a transição dos combustíveis fósseis nos países desenvolvidos demorando mais do que o previsto, de acordo com sua carta mais recente.

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O petróleo é atualmente a maior posição do fundo. O fundo Vista também está otimista em relação ao urânio como alternativa aos combustíveis fósseis.

O Vista tem reduzido sua aposta contra o minério de ferro recentemente, disse uma fonte a par do assunto, que preferiu não ser identificada. A Vista Capital, que administra o fundo, não comenta.

Os preços do minério de ferro caíram quase 39% desde o pico em julho, enquanto o barril de petróleo bruto West Texas Intermediate subiu mais de 70% no acumulado do ano.

Por trás da Vista Capital está um grupo de traders em sua maioria na faixa dos 30 anos, que se reúnem em uma casa germinada em uma rua de paralelepípedos no Jardim Botânico, no Rio. A empresa tem cerca de 30 funcionários, grande parte com passagem por outras gestoras cariocas. Seu nome é uma homenagem à Vista Chinesa, um mirante localizado próximo à sede da empresa.

A Vista Capital foi criada por João Lopes e João Landau em 2014. João Landau é filho de Elena Landau, que liderou o processo de privatização na década de 1990 enquanto trabalhava no BNDES.

Desde o ano passado, também é sócio da gestora Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real — e padrasto de João Landau.

Apostar contra o Brasil também ajudou a elevar os retornos deste ano. No início de 2021, quando os mercados locais ainda mantinham uma visão mais otimista, o Vista aumentou as apostas de que uma inflação mais alta forçaria o Banco Central a aumentar as taxas mais rápido do que o esperado.

Eles também estavam céticos sobre a possibilidade de a agenda de reformas do presidente Jair Bolsonaro voltar aos trilhos.

Os preços ao consumidor subiram para 10,25% em setembro ante o ano anterior, a maior alta desde fevereiro de 2016. Isso levou o BC a elevar a Selic de 2% para 6,25%, uma das políticas de aperto monetário mais agressivas no mundo.

Em suas notas mensais aos clientes, a Vista disse que o Brasil tem “uma política ambiental desastrosa” e que a reforma tributária proposta pelo governo “está cheia de inconsistências”.

Também afirmou que Brasília é uma “máquina geradora de ruído” e que a eleição do próximo ano só poderia trazer uma forte melhora para os mercados se um terceiro candidato surgir. Atualmente, pesquisas mostram que Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se enfrentariam em um segundo turno.