Com Kátia Abreu ‘não oficial’, PT pode não quebrar a espinha do agro, mas “come mingau pelas beiradas”
Qualquer apoio que a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva trouxer de políticos ligados ao agronegócio está sendo visto como importantes, mesmo que aos agregados à campanha do segundo turno não se atribua força suficiente para quebrar a espinha dorsal do setor que votou em peso no presidente Jair Bolsonaro.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO), derrotada à reeleição, se encaixa nesse diagnóstico feito por uma fonte do PT em Tocantins, que pediu anonimato, como também na expectativa do senador Carlos Fávaro (PSD), um dos coordenadores da campanha de Lula no Mato Grosso.
Mesmo que não haja um papel oficial ou muito ativo, faltando três semanas para o dia da votação.
Além de Kátia Abreu, é o caso do ex-ministro de Michel Temer, da Agricultura, e grande produtor, Blairo Maggi, de perfil de atuação ainda mais apagado. Ao contrário de Simone Tebet (MDB), adversária de Lula no primeiro turno, e que está em campanha ativa contra o presidente Bolsonaro.
Ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e ex-ministra de Dilma Rousseff, é bastante presente nas redes sociais a favor do terceiro mandato do petista, mas recusou a falar ao Money Times sobre se está desempenhando algum papel de articulação junto às suas bases eleitorais e lideranças do agronegócio.
“Seu capital político foi muito esvaziado com a derrota [para a Professora Dorinha, do UB] por uma margem muita alta [18% contra 50,4% dos votos], não esteve ao lado do nosso candidato a governador [Paulo Mourão] e também a gente sabe que seu peso junto ao eleitorado do agronegócio não é o mesmo”, disse um dos integrantes da campanha do PT no Tocantins.
Mas não importa, afinal, em uma campanha acirrada e que o ganhador precisa contar com votos como “criança comendo mingau, pelas beiradas”, complementou a fonte petista.
Para o colega de Senado, que ainda tem mais quatro anos de mandato, a luta é dura nos estados chaves para o agronegócio – Centro-Oeste e Sul – e o papel de Kátia Abreu será relevante. Carlos Fávaro lembra que a senadora, produtora em Gurupi, no Tocantins, esteve presente com 21 senadores, deputados e governadores em encontro com Lula na quarta-feira passada.
E isso basta como sinal de participação na campanha para o segundo turno, mesmo que numa postura de voluntária e sem uma agenda combinada com o partido.
Não se deve diminuir a força de Kátia Abreu, ainda segundo Fávaro, mesmo que ela tenha ficado marcada como ‘inimiga’ do agronegócio, ao aceitar ser ministra da Agricultura de Dilma, “rasgando a carta entregue pela Frente Parlamentar Agropecuária [da qual também foi presidente] pedindo que não aceitasse o convite”, alinhou outra fonte, em off, do Tocantins.
O senador do MT lembra que ela fez um bom ministério, que o agronegócio foi beneficiado pelos governos petistas e há um contingente escondido de empresários e trabalhadores que votaram e votarão escondido temendo represálias, como outro membro da campanha no estado, Carlos Ernesto Augustin, já confirmou ao Money Times antes do primeiro turno.
“O Lula ganhou em 24 cidades no Mato Grosso [de 141 municípios], o que não é pouco dadas as condições do estado”, afirmou Fávaro. Bolsonaro levou em 117 localidades.
Remetendo a 30 de outubro, Fávaro acredita que esses apoios vão encurtar a distância para o candidato à reeleição.
Mas de 6 milhões de votos separaram Lula de Bolsonaro e quem tem que correr atrás é o presidente, sendo que as “demonstrações de força, com os apoios que recebeu agora, são normais para o momento”.
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