Com juros altos, FIIs precisam ‘provar seu valor’, avaliam gestores; entenda

Com os juros elevados redesenhando as escolhas dos investidores, os fundos imobiliários precisam provar seu valor em meio à concorrência com a renda fixa tradicional.
A avaliação é de especialistas presentes no 14º Seminário de Gestão de Investimentos das EFPCs, realizado nesta quarta-feira (28), que reuniu nomes como Cesare Rivetti, sócio-fundador da Fram Capital, Fabio Mazzeo, responsável pelas relações com institucionais da casa, e Maximo Lima, CEO da HSI.
Segundo Lima, o principal papel de um fundo imobiliário é entregar renda recorrente ao cotista. Para ele, a gestão ativa, que se traduz em operar diretamente os imóveis da carteira, é essencial nesse processo.
“Nossa obrigação como gestor é extrair ao máximo o ativo, operando os imóveis, administrando de perto e melhorando a geração de receita para os investidores”, afirmou.
Na visão do executivo, o juro real elevado acomoda mal o investidor, que muitas vezes se refugia nos títulos públicos — movimento que, segundo ele, tem prejudicado o desenvolvimento da indústria de fundos.
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Olhar além da renda fixa
Na mesma linha, Fabio Mazzeo reforçou a necessidade de olhar além da renda fixa tradicional. “Qualquer investimento hoje tem que considerar o patamar de juros atual. Com as taxas dos títulos públicos tão altas, é fundamental pensar em alternativas”, disse.
Para ele, o investidor deve manter o foco no longo prazo e na diversificação da carteira. “Tudo é o preço que você paga pelo ativo. Se você paga caro, dificilmente vai ter uma boa rentabilidade.”
Já Cesare Rivetti destacou que as características dos FIIs de tijolo — como o lastro em ativos reais — são extremamente interessantes e os diferenciam dos demais investimentos.
O gestor explicou que o retorno dos fundos depende diretamente da capacidade do gestor de antecipar cenários e aproveitar oportunidades de compra de ativos descontados.
“O cenário de juros altos deve permanecer no curto e médio prazo, e o impacto nos FIIs é direto pela reavaliação dos ativos e o desconto do fluxo de caixa”, explicou.
Rivetti ressaltou que, em ambientes como o atual, contratos atípicos — como os usados em projetos built to suit — podem oferecer maior previsibilidade de rentabilidade, aproximando os fundos da lógica da renda fixa.
Crédito privado no Brasil
Durante o painel, Maximo Lima também chamou atenção para o avanço do crédito privado no Brasil, embora o país ainda dependa fortemente do modelo bancário.
“No Brasil, o mercado de crédito é muito diferente do resto dos países. Hoje, 70% do crédito vem dos bancos e apenas 30% do mercado alternativo. Nos EUA, por exemplo, é o oposto”, explicou.
O CEO da HSI explicou que, ao oferecer capital privado fora do sistema bancário tradicional, gestoras como a HSI viabilizam investimentos e impulsionam o crescimento empresarial.