Com IPCA dentro da meta e às vésperas do Copom, Campos Neto vai ao Senado dar explicações sobre Selic
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi convidado pelo Senado Federal a dar explicação sobre o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), inalterado em 13,75% ao ano desde agosto passado.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado marcou o encontro para o dia 25 de abril, uma semana antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A sessão com Campos Neto acontece após a divulgação do IPCA de março pelo IBGE. Segundo o instituto, a inflação oficial do país avançou 0,71% no último mês, abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,77%. Além disso, o indicador desacelerou a alta acumulada em 12 meses até março para +4,65%, de +5,60% no mês anterior.
Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%. É a primeira vez que o acumulado volta para as bandas da meta desde fevereiro de 2021, quando o teto era de 5,25%.
Desta forma, deve aumentar a pressão sob o Banco Central para um corte na taxa de juros.
Campos Neto tem sido alvo de críticas frequentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que questiona a condução da política monetária em meio ao esfriamento da inflação, apontando para seus danos sobre a economia e a concessão de crédito no país.
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Debate sobre juros com Haddad
Além do convite para a sessão da CAE, Campos Neto também foi convidado para participar de um debate no dia 27 de abril no plenário do Senado.
Questionado sobre a participação no evento, Campos Neto afirmou que “está à disposição quando for necessário” após ressaltar a importância de o país discutir o porquê de atualmente ter a maior taxa de juros real do mundo. As declarações foram feitas durante encontro com empresários promovido pela Esfera Brasil.
Procurados pelo Money Times, os respectivos ministérios não confirmaram a participação de Haddad nem de Tebet no evento até a publicação desta reportagem.
O que esperar do debate
Protocolado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o requerimento para a sessão de debate destaca a importância do diálogo para “identificar os motivos por trás das elevadas expectativas inflacionárias e dos vultosos juros reais que predominam no Brasil”.
No documento, Pacheco afirma ainda que uma taxa básica de juros (Selic) elevada prejudica o cumprimento de alguns objetivos do Banco Central, como o de fomentar o pleno emprego.
“Ao mesmo tempo em que não é viável o aumento descontrolado de preços, […] também não é desejado o sufocamento da economia no curto prazo”, escreve.
Além de Campos Neto, Haddad e Tebet, foram convidados para o debate representantes do mercado e do setor produtivo, além de economistas e especialistas, como Armínio Fraga, Marcos Lisboa, entre outros.
*Com informações de Reuters